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Crianças que dormem tarde podem se tornar obesas, aponta estudo

Realizado com 169 crianças no Alabama, EUA, a pesquisa avalia o impacto do tempo de sono e exposição a eletrônicos à saúde infantil. Especialista comenta os resultados

 

Por Crescer

 

Dormir tarde faz parte da rotina de muitas crianças. Afinal, nem sempre os pais conseguem chegar em casa cedo, fazer comida e ainda colocar os pequenos na cama antes das 22 horas. No entanto, é preciso ficar atento! Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, apontou a relação entre obesidade infantil e tempo de sono.

Publicado na Journal of Clinical Sleep Medicine, o estudo observacional foi realizado com 169 crianças com idades entre 6 e 10 anos, que residiam no Alabama. A pesquisa avaliou tanto a hora que as crianças se levantavam e iam para a cama, como também o tempo de exposição a eletrônicos. Segundo os dados, 71% das crianças que iam dormir tarde eram obesas. Estavam acima do peso também 75% das crianças que assistiam a mais de uma hora de televisão.

A relação de insuficiência de sono e obesidade infantil já é bem conhecida pelos pesquisadores. Segundo Ana Cristina Rolim, Endocrinologista infantil da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, ainda não se tem uma certeza sobre as causas para essa associação. No entanto, existem algumas teorias.

Cada hormônio no seu tempo

Quando estamos caindo no sono, é o momento que melatonina entra em ação. Esse hormônio tem seu pico de liberação no início da noite. Se a criança dorme pouco, há uma redução na produção da melatonina, impactando no sistema metabólico. Isso quer dizer que a função de outros hormônios também será prejudicada.

Um deles é a insulina, hormônio que tem o papel de aproveitar a glicose para gerar energia. Segundo a especialista, com a redução de melatonina, há uma resistência do corpo em deixar a insulina agir, assim pode acarretar no desenvolvimento tanto de diabete tipo 2, como de um quadro de obesidade.

A especialista explica que dormir muito também não é muito bom, pois pode deixar as crianças mais indispostas. “Por volta das 8 da manhã, geralmente, nós liberamos mais cortisol, que um hormônio que dá mais energia”. Ao dormir muito, as crianças podem perder esse pico e, assim, o cansaço durante o dia é maior.

Rotina alimentar

Outro fator destacado pela especialista é que quando as crianças demoram para dormir, ela ficam mais indispostas para comer melhor. “Se elas estiverem cansadas, buscam por comidas mais calóricas. Dessa forma, o sono interfere na escolha no alimento”, explica.

De acordo com a médica, o recomendado, em geral, é que crianças de até 6 anos durmam em média de 10 a 12 horas por dia. O horário do jantar também influencia na saúde das crianças. Em um mundo ideal, os pequenos deveriam comer por volta das 18 horas e ir para cama às 21 horas.

No entanto, a especialista diz que essa rotina é difícil de ser seguida. Muitas vezes, os pais chegam tarde do trabalho e não conseguem colocar os filhos cedo na cama. Mas não é necessário ter culpa por isso. A chave para esse problema é organização. “Você não precisa inventar um jantar todo dia. Deixar uma salada temperada na geladeira ou um filé pré-pronto já ajuda a economizar tempo”, explica. A recomendação da médica é que, antes de dormir, as crianças comam um prato de preferência bem colorido e evitem lanches.

Os vilões do sono

Ver as crianças com olhos atentos ao celular à noite já em comum. Deixar os eletrônicos de lado nem sempre é fácil. Mas esses dispositivos podem se tornar grande vilões quando o assunto é sono. “Ao chegar perto da hora de dormir, as crianças precisam de um local calmo com pouca luz. Se ela está no tablet, vai demorar para desligar e isso prejudica sua qualidade de sono”, diz Ana.

Além disso, ao usar eletrônicos, as crianças têm um índice maior de inatividade o que acarreta em um aumento de peso também. “Os pais sabem disso, mas é difícil equilibrar essa rotina maluca. Na hora, que os filhos estão nos dispositivos, é o momento que os pais conseguem pagar uma conta, por exemplo. Não há motivo para culpá-los, mas é preciso ter equilíbrio. Se não puder fazer tudo certinho todos os dias, faça o máximo que conseguir”, finaliza.

 

Foto: Shutterstock