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Estudo mundial sobre solidão mostra que idosos não são os únicos vulneráveis

Pesquisa global vai medir impacto da Covid-19 no bem-estar das pessoas

 

Por G1

 

Quem mais sofre com a solidão? De acordo com uma pesquisa realizada em 237 países e territórios, com mais de 46 mil participantes, não são os idosos que estão em primeiro lugar nesse ranking. Pelas respostas dos entrevistados, cujas idades variavam entre 16 e 99 anos, os grupos mais atingidos são os jovens, homens e pessoas de sociedades muito individualistas. Na verdade, os resultados mostraram que o sentimento pode até diminuir com o passar do tempo.

As universidades de Exeter, Manchester e Brunel são parceiras da BBC no trabalho, divulgado no fim de maio, que mostra que os mais jovens têm relatos de grande solidão. “Ao contrário do que as pessoas tendem a acreditar, este sentimento não é uma prerrogativa dos idosos. Como a solidão deriva da avaliação de que as conexões sociais de um indivíduo não são boas como ele gostaria, a leitura passa por diferentes expectativas, que variam conforme a idade”, explicou a professora Manuela Barreto, de Exeter.

Pamela Qualter, de Manchester, afirmou que, para os homens, admitir que estão se sentindo sós pode se transformar num estigma. No cenário da Covid-19, as pesquisadoras enfatizaram que os jovens precisam de atenção e apoio, porque podem ser bastante afetados pelas mudanças: “embora seja verdade que eles dominam a tecnologia, esta serve como extensão para seus relacionamentos presenciais, e não como um substituto”, complementou Manuela Barreto.

Já está claro para todos que o impacto da pandemia na saúde mental do planeta tem e terá consequência profundas, com o risco de um aumento superlativo dos casos de ansiedade e depressão. Medir a extensão do fenômeno e criar ações para mitigar o problema tornou-se uma necessidade imperiosa: afinal, a maioria vem enfrentando um enorme grau de incerteza. A rotina que todos conheciam foi substituída pelo medo de ficar doente, perder entes queridos e não ter recursos para sobreviver. Por isso, uma outra pesquisa global, essa em curso e que reúne outras três instituições britânicas – a London School of Economics e as universidades de Surrey e Nottingham Trent – está ouvindo pessoas acima de 18 anos com o objetivo de ajudar na formulação de políticas públicas.

À frente do projeto está YingFei Héliot, professor da Surrey Business School, e os resultados deverão estar disponíveis até o fim do ano. “Estudos anteriores já mostraram que muitos indivíduos desenvolvem respostas negativas, como estresse pós-traumático, durante ou após eventos severos. Portanto, mesmo depois da pandemia, ainda teremos que lidar com essas questões”, disse.

As perguntas estão divididas em três grupos. O primeiro se refere às iniciativas que estão sendo implementadas no país do entrevistado para combater a pandemia: como a liderança da nação vem conduzindo o processo? As pessoas confiam nas medidas que estão sendo tomadas? A segunda seção é sobre como nos relacionamos com as regras em vigor: se concordamos com o isolamento, se estocamos alimentos de forma diferente do normal, como nos mantemos informados. Por último, a parte sobre saúde e bem-estar quer saber como o participante está lidando com a situação, se está se sentindo só ou tem amigos a quem recorrer. Infelizmente, o português não está entre as línguas disponíveis para o questionário. Haverá duas rodadas suplementares nos próximos meses e as informações são confidenciais.

 

Foto: Wokandapix por Pixabay

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