Segundo Mariana Ferreira Sbrana, a perda de olfato não é um sintoma exclusivo do novo coronavírus e “pode estar associada a infecções virais causadas por vários vírus respiratórios”
Por Jornal da USP
A perda de olfato é um dos sintomas mais relatados por aqueles diagnosticados com covid-19. Visto isso, pesquisadores do HC vêm desenvolvendo um estudo que analisa as alterações no olfato de profissionais de saúde em meio à crise. Mariana Ferreira Sbrana, otorrinolaringologista especializada em cirurgia endonasal e base de crânio, do Grupo de Pesquisa de Rinologia do Departamento de Otorrinolaringologia da FM, fala sobre a pesquisa em entrevista ao Jornal da USP no Ar.
Em meados de março, no começo da pandemia, houve um aumento drástico no número de pacientes que procuravam unidades hospitalares com perda de olfato e paladar, então surgiram suspeitas de alguma associação. Atualmente, de acordo com Mariana, já existem pesquisas que buscam quantificar a prevalência da perda de olfato nos infectados pelo coronavírus e possíveis sequelas. Enquanto alguns destes estudos indicam algo em torno de 30%, outros apontam taxa altas, atingindo 70%. Uma margem que torna o resultado incerto.
Segundo a especialista, a perda de olfato não é um sintoma exclusivo do novo coronavírus e “pode estar associada a infecções virais causadas por vários vírus respiratórios”. Ainda de acordo com Mariana, a literatura atual aponta que a prevalência desse sintoma em atingidos pela covid-19 pode ser sete vezes maior do que naqueles diagnosticados com outras moléstias respiratórias.
A pesquisa do HC, que já teve início, escolheu estudar os profissionais de saúde, pois é um grupo que apresenta alta exposição ao vírus, tanto pelo contato direto com os pacientes quanto pela realização de procedimentos que os expõem a grandes cargas virais. Além disso, a recomendação do Ministério da Saúde, de testar somente pacientes com indicação de internação e profissionais de saúde, faz com que estes sejam mais acessíveis.
A pesquisa considera a análise de 755 profissionais em uma conjuntura ideal. Até agora, 550 voluntários estão em contato com os pesquisadores. Importante destacar que não só infectados podem participar: todos que atuam na saúde estão convidados. Isso porque o objetivo secundário do estudo é comparar a prevalência da alteração de olfato na população geral. “Quem teve covid-19, quem não teve, quem teve alteração de olfato ou não são convidados a participar da pesquisa, respondendo o formulário on-line“, pontua Mariana.
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