fbpx

CENTRAL DE ATENDIMENTO 24H: 0800 61 3333

Mutação de Sars-Cov-2 é observada em recém-nascido infectado no útero

Rápida mutação do vírus foi identificada cinco dias após o nascimento de uma criança sueca que, em caso raro, contraiu Covid-19 ainda no útero da mãe, também contaminada

Por Revista Galileu

Uma equipe de pesquisadores suecos registrou um caso raro de um bebê que foi infectado pelo coronavírus Sars-CoV-2 dentro do útero da mãe. Cinco dias após o nascimento da criança, o vírus ainda apresentou uma mutação. O episódio foi descrito e publicado no jornal científico British Journal of Obstetrics and Gynaecology em 27 de fevereiro.

Em artigo ao The Conversation, os pesquisadores contam que a mãe chegou em uma ambulância ao Hospital Universitário de Skåne, na Suécia, com suspeita de Covid-19 e dores abdominais. O bebê tinha uma frequência cardíaca anormalmente baixa, sugerindo que ele não estava recebendo oxigênio suficiente.

A mulher, então, passou por uma cesárea de emergência. Após o procedimento, os pesquisadores coletaram amostras da garganta da mãe e da criança com cotonetes para identificar se ambos tinham Covid-19. O exame confirmou a infecção e a criança permaneceu isolada da mãe a partir de então. Ao sequenciar do vírus, os cientistas notaram que, no momento do parto, o genomas virais de ambos eram idênticos.

Alguns dias depois, os cientistas fizeram um novo sequenciamento genético com as amostras do bebê — e o exame revelou que havia uma mutação no vírus em relação à cepa original da mãe. “Até onde sabemos, este é o primeiro caso de alteração genética do coronavírus no cenário único da transmissão materno-fetal antes do nascimento”, escreveram os pesquisadores. “Embora seja comum que os vírus sofram mutação, essa mutação (chamada A107G) aconteceu apenas cinco dias após o nascimento do bebê.”

Segundo os especialistas, a velocidade com a qual a mutação ocorreu é surpreendente. O fenômeno pode ter sido estimulado pelo contato do bebê com o ambiente externo ao útero da mãe.

A mulher se recuperou após o parto e recebeu alta quatro dias depois da cesárea. O bebê, no entanto, precisou de cuidados neonatais por ter nascido prematuramente (com 34 semanas), mas não teve sintomas graves depois de vir ao mundo, uma vez que desenvolveu anticorpos contra o vírus naturalmente.

Vale lembrar que a transmissão do Sars-CoV-2 da mãe para o bebê é algo raro – a maior parte dos estudos indica que a placenta sirva como uma “barreira” para infecções. Além disso, o receptor viral que permite ao coronavírus entrar nas células existe em níveis baixos no tecido placentário.

Mas, isso não significa que a transmissão seja impossível ou algo a se ignorar. “Nossas descobertas sugerem que talvez devêssemos repensar como monitoramos mulheres grávidas com Covid-19, e elas deveriam ser consideradas um grupo de risco mais importante do que são hoje”, defenderam os cientistas.

Foto: Foto: Fotorech/Pixabay