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Estudo identifica sequelas da Covid-19 na cavidade oral de infectados

Pesquisadores italianos acompanharam 122 pacientes com a doença e notaram manifestações bucais em 84% deles, sobretudo uma condição chamada ectasia da glândula salivar

Por Revista Galileu

Pesquisadores italianos acompanharam 122 pacientes que contraíram Covid-19 e descobriram que a maioria deles teve sequelas na boca, possivelmente devido à doença ou a fatores relacionados à internação e ao tratamento, como o uso de medicamentos. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira (3) no Journal of Dental Research (JDR).

Os cientistas, da Universidade Vita-Salute San Raffaele, em Milão, traçaram o perfil dos pacientes entre julho e setembro de 2020. Alguns deles estiveram hospitalizados, outros apenas foram acompanhados em uma única consulta.

Todos os participantes passaram por uma avaliação feita por um dentista, que realizou exames bucais à procura de eventuais anormalidades nos lábios, bochechas, glândulas salivares, membranas mucosas e outras estruturas da cavidade oral.

Como resultado, os pesquisadores concluíram que manifestações orais variadas eram comuns em 83,9% dos participantes do estudo. Desses, 43% tinha um quadro de ectasia da glândula salivar,caracterizado por glândulas inchadas, mas sem pus.

Os experts descobriram também que os problemas bucais podem ser uma resposta hiperinflamatória ao vírus da Covid-19, o Sars-CoV-2. Mas uma análise mostrou também que o risco de se desenvolver ectasia da glândula salivar está ligado à presença de duas substâncias específicas.

Esses dois compostos estavam, não por acaso, em altas quantidades no momento da admissão hospitalar dos pacientes: a proteína c-reactiva, produzida pelo fígado; e a enzima lactato desidrogenase, que participa do processo de transformar a glicose em energia.

Outro fator que pode estar relacionado aos problemas na cavidade oral, segundo os cientistas, é o uso de antibióticos durante os períodos de hospitalização dos pacientes com Covid-19. “Altas doses de corticosteroides podem precipitar infecções fúngicas, como candidíase oral, enquanto medicamentos antivirais podem causar estomatite, úlceras aftosas e boca seca em uma fração consistente de pacientes”, explicam os pesquisadores, no estudo.

Além disso, a ectasia da glândula salivar não foi o único problema recorrente: muitas pessoas também tiveram dor facial e fraqueza da musculatura mastigatória. Para entender melhor esses quadros, os estudiosos pretendem aprofundar as investigações.

“Isso [o estudo] sugere que a cavidade oral representa um alvo preferencial para a infecção por Sars-CoV-2”, comenta, em comunicado, o editor-chefe do JDR, Nicholas Jakubovics, da Universidade de Newcastle, na Inglaterra. “[Mas] mais estudos são necessários para esclarecer a conexão entre a infecção por Sars-CoV-2 e distúrbios orais”.

Foto: NIH/NIAID