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Coronavírus já estaria circulando até 2 meses antes de casos em Wuhan

Estudo conduzido por cientistas dos EUA sugere que o Sars-CoV-2 já estava sendo transmitido, sem ser detectado, em outubro de 2019 na China

Por Revista Galileu

Até dois meses antes dos primeiros casos de Covid-19 serem detectados em Wuhan, na China, no final de dezembro de 2019, o vírus Sars-CoV-2 já estava circulando sem ser detectado. Isso segundo um estudo de pesquisadores norte-americanos publicado nesta quinta-feira (18) na revista Science.

Tido como “marco zero” da pandemia, o Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, da cidade chinesa, não teria sido onde o problema começou, segundo os autores da pesquisa. Embora os primeiros genomas do coronavírus tenham realmente sido sequenciados no local, eles dizem que já havia casos anteriores de Covid-19 – e sem conexão alguma com o mercado.

Os pesquisadores consideraram datação molecular e simulações epidemiológicas para determinar por quanto tempo o coronavírus pode ter circulado na China antes de ter sido descoberto. Ao todo, avaliaram três fatores: a disseminação do vírus antes do bloqueio na cidade, a diversidade genética do agente infeccioso e vários artigos sobre os primeiros casos de Covid-19.

Por meio de uma técnica, chamada “relógio molecular”, os pesquisadores avaliaram a taxa de mutação de genes do vírus para descobrir quando o mais recente ancestral de todas as cepas do Sars-CoV-2 existiu.

“O tempo do ancestral comum mais recente de todos os genomas do Sars-CoV-2 sequenciados seria no final de novembro ou início de dezembro de 2019, com estimativas de incerteza tipicamente variando de outubro de 2019”, afirma a pesquisa.

Mas, segundo Michael Worobey, um dos autores da investigação, o primeiro caso de Covid-19 pode ter ocorrido dias, semanas ou mesmo muitos meses antes do ancestral comum estimado na pesquisa, embora isso não seja algo frequente. Normalmente, o ancestral mais recente aponta o primeiro caso da doença.

Levando isso tudo em conta, os pesquisadores fizeram a estimativa de que o número médio de pessoas infectadas com Sars-CoV-2 na China, em 4 de novembro de 2019, foi quase insignificante: menor que um. Mas, 13 dias depois, já eram quatro indivíduos; e nove em 1º de dezembro de 2019. Já as primeiras hospitalizações em Wuhan ocorreram em meados de dezembro.

Os autores do estudo também fizeram várias simulações com o vírus e descobriram que, em apenas 29,7% dessas simulações, o agente infeccioso foi capaz de criar epidemias autossustentáveis. Nos outros 70,3%, o vírus infectou relativamente poucas pessoas antes de morrer.

Com isso, eles notaram que dois terços das epidemias simuladas foram extintas naturalmente. ”Isso significa que se pudéssemos voltar no tempo e repetir 2019 cem vezes, em duas em cada três vezes, a Covid- 19 teria fracassado por conta própria sem deflagrar uma pandemia”, observa, em comunicado, Joel O. Wertheim, que também assina o artigo.

Foto: Divulgação/National Institute of Allergy and Infectious Diseases

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