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Enzima pode explicar danos do Sars-CoV-2 nos órgãos, aponta estudo

A fosfolipase A2 secretada do grupo IIA destrói a membrana de células saudáveis ao tentar aniquilar o vírus coronavírus; ela pode estar atrelada a casos graves de Covid-19

Por Revista Galileu

O impacto do Sars-CoV-2 poderia ser explicado por uma enzima ligada ao processo de inflamação grave, segundo um novo estudo, publicado na terça-feira (24), no Journal of Clinical Investigation. De acordo com a equipe, por rasgar em pedaços as membranas das células dos órgãos, essa proteína contribui para a gravidade de quadros de Covid-19.

A pesquisa é um novo indício de que a enzima fosfolipase A2 secretada do grupo IIA (sPLA2-IIA) pode ser alvo de terapias contra casos graves da doença. O componente é naturalmente encontrado em baixa concentração em pessoas saudáveis, sendo conhecido pelo seu papel contra infecções bacterianas.

Apesar disso, a sPLA2-IIA pode ser prejudicial no caso do coronavírus. “Essa enzima está tentando matar o vírus, mas a certa altura é liberada em quantidades tão altas que as coisas vão para uma direção muito ruim, destruindo as membranas celulares do paciente e, assim, contribuindo para a falência de múltiplos órgãos e a morte”, explica Floyd Chulton, pesquisador que colaborou com o estudo, em comunicado.

Prova de sangue

Com participação de especialistas da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, a pesquisa analisou amostras de sangue de 127 pacientes com Covid-19, hospitalizados no Hospital Universitário Stony Brook, entre janeiro e julho de 2020.

Foram consideradas também 154 coletas provenientes dos centros médicos das universidades Stony Brook e Banner, entre janeiro e novembro do ano passado. A equipe mediu no plasma sanguíneo dos indivíduos mil enzimas e metabólitos – como são chamados os compostos intermediários das reações enzimáticas.

Um total de 30 pacientes tiveram casos graves de Covid-19, mas sobreviveram; outros 30 não resistiram e morreram. Mais 30 pessoas tiveram sintomas mais leves, sem necessidade de oxigênio. E 37 indivíduos não contraíram a doença, servindo apenas para comparação.

Assim, os cientistas utilizaram algoritmos de aprendizado de máquina para obter resultados e notaram que os níveis de sPLA2-IIA refletiam a gravidade da doença nos pacientes, indicando se eles morreram ou não de Covid-19.

“Nesse estudo, fomos capazes de identificar padrões de metabólitos que estavam presentes em indivíduos que sucumbiram à doença”, conta Justin Snider, cientista líder da pesquisa. “Os metabólitos que surgiram revelaram disfunção da energia celular e altos níveis da enzima sPLA2-IIA. O primeiro era esperado, mas não o último.”

As mortes dos pacientes ocorreram em 63% daqueles com quadros graves e níveis de sPLA2-IIA iguais ou superiores a 10 nanogramas por mililitro. Já as pessoas saudáveis apresentaram taxa da enzima em torno de apenas 0,5 nanograma por mililitro.

Os cientistas ainda querem entender se a sPLA2-IIA pode estar relacionada a quadros de Covid-19 prolongada. Enquanto isso, o uso da enzima já está sendo testado nos Estados Unidos, onde pacientes infectados com o coronavírus estão sendo recrutados para avaliar a ação do varespladibe, um inibidor potente dessa proteína.

Foto: NIAID