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Transplantes de órgãos caíram 31% no mundo no primeiro ano da pandemia

Estudo analisou dados de 22 países, incluindo o Brasil — onde a queda nos procedimentos foi de 28,9%, com destaque para os de pulmão, rim e coração

Por Revista Galileu

Um estudo que considerou dados de 22 países em quatro continentes indica que o número de transplantes de órgãos feitos na primeira onda da pandemia de Covid-19, em 2020, caiu 31% em relação ao ano anterior. A pesquisa foi apresentada online nesta segunda-feira (30), no Congresso para Transplante de Órgãos da Sociedade Europeia (ESOT).

Publicado no jornal científico Lancet Public Health, o estudo aponta um decréscimo maior nos transplantes de rins fornecidos por doadores vivos, que caíram 40% em 2020 em comparação a 2019. O mesmo foi observado nos procedimentos de fígado de doadores vivos, com diminuição de 33%. Já entre as operações fruto de doadores falecidos, houve queda de 12% em transplantes de rim; 9% nos de fígado; 17% nos de pulmão e 5% nos de coração.

O levantamento aponta ainda que a diminuição na quantidade de transplantes representou mais de 48 mil anos perdidos na vida de pacientes. Isso inclui cerca de 37 mil anos de pessoas aguardando por um rim; aproximadamente 7,3 mil anos naqueles esperando por um fígado; 1,7 mil anos nos que precisam de um pulmão; e 1,4 mil dentre os que estão na fila por um coração.

Com isso, os pesquisadores identificaram uma relação entre a redução nos transplantes e o aumento na taxa de infecção pelo coronavírus. “A primeira onda de Covid-19 teve um impacto devastador no número de transplantes em muitos países, afetando as listas de espera de pacientes e lamentavelmente levando a uma perda substancial de vidas”, afirma
Olivier Aubert, autor principal do estudo, em comunicado.

Segundo Alexandre Loupy, que também atuou no levantamento, o transplante de doador vivo requer mais recursos e planejamento do que aquele de alguém que já morreu. “Isso é extremamente difícil durante uma pandemia, quando os recursos são limitados e a equipe é redistribuída. Existem também grandes preocupações éticas para o bem-estar e a segurança do doador”, conta Loupy.

Estimativa global

No Brasil, houve uma queda de 28,9% no número de transplantes, tanto de órgãos de doadores vivos e falecidos. Essa diminuição foi mais acentuada considerando apenas procedimentos de pulmão (56,8%), seguidos de rim (32,8%); coração (27,4%) e fígado (16,5%).

Mas a nação que mais apresentou queda na taxa de transplantes foi o Japão, com decréscimo de 66,7%. Enquanto a maioria dos países teve reduções significativas, outros tiveram números mais estáveis, como Suíça, com dimiuição de 1,3%, e Estados Unidos, que teve queda de 4,1%. “Apesar da redução quase universal na atividade de transplante, certos países e regiões conseguiram realizar procedimentos, apesar dos grandes desafios apresentados pela pandemia”, considera Aubert.

Diante dessas diferenças, os cientistas esperam aprofundar o estudo. “Compreender como diferentes países e sistemas de saúde responderam aos desafios relacionados à Covid-19 pode facilitar a preparação para a pandemia e a manutenção dos programas de transplante para promover procedimentos seguros e salvar a vida dos pacientes”, diz o especialista.

Foto: National Cancer Institute/Unsplash