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Estudo aponta nova explicação para origem e evolução do Alzheimer

Pesquisa em ratos sugere que o agrupamento de proteínas que provoca a doença não acontece apenas fora das células cerebrais, mas começa dentro delas. Entenda

Por Revista Galileu

Um estudo publicado na última quinta-feira (2) na capa da revista Nature Neuroscience desafia a teoria predominante de como tem início o Alzheimer. Há décadas, acredita-se que placas contendo a proteína beta-amiloide se acumulam fora das células e, assim, dão início à condição neurodegenerativa. Mas talvez não seja esse o caso.

Liderada por pesquisadores da Escola Grossman de Medicina da Universidade de Nova York (NYU) e do Instituto Nathan Kline, ambos nos Estados Unidos, a nova pesquisa argumenta que o dano neuronal característico do Alzheimer se enraíza dentro das células, e bem antes que essas placas proteicas se formem completamente e se agrupem no cérebro.

A investigação rastreou, em camundongos criados para desenvolver a doença, uma disfunção nos lisossomos das células cerebrais. Essas estruturas são pequenos sacos dentro de cada célula, cheios de enzimas ácidas que atuam na quebra, remoção e reciclagem de rotina de resíduos metabólicos das reações celulares. Os lisossomos também agem para quebrar e descartar as próprias partes de uma célula quando esta morre naturalmente.

Testes de imagem mostraram que certos lisossomos de células cerebrais aumentaram quando se fundiram com os chamados vacúolos autofágicos, recheados de resíduos que não foram quebrados. Esses vacúolos também continham formas anteriores de beta-amiloide.

Nos neurônios mais danificados e destinados à morte precoce, os vacúolos se agruparam em padrões semelhantes a flores, acumulando-se ao redor do núcleo de cada célula. “Anteriormente, a hipótese de trabalho atribuía principalmente o dano observado na doença de Alzheimer ao que vinha após o acúmulo de amiloide fora das células cerebrais, não antes e dentro dos neurônios”, explica Ju-Hyun Lee, pesquisador principal do artigo, em comunicado.

O achado muda o que se sabe sobre a evolução dessa demência. “Também explica por que tantas terapias experimentais projetadas para remover placas amiloides falharam em impedir a progressão da doença, porque as células cerebrais já estão aleijadas antes que as placas se formam completamente fora da célula”, acrescenta Ralph Nixon, professor da NYU e diretor do Centro de Pesquisa em Demência do Nathan Kline.

Segundo Nixon, a nova pesquisa indica que tratamentos futuros devem focar em reverter a disfunção lisossomal e reequilibrar os níveis de ácido dentro dos neurônios cerebrais. A equipe diz já estar trabalhando em terapias experimentais para os distúrbios detectados no estudo.

Foto: Nature Neuroscience/Springer-Nature Publishing