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85% dos radio-oncologistas optam por doses altas para tratar câncer de mama inicial

Por Medicina S/A

Doses mais altas e seguras, reduzindo pela metade o número de sessões, ou seja, de necessidade de deslocamentos da paciente para a realização de radioterapia para tratar de câncer de mama. Esse é o protocolo adotado por 85% dos radio-oncologistas latino-americanos, conforme mostra o estudo publicado na revista científica “Reports of Practical Oncology and Radiotherapy” por pesquisadores de instituições do Brasil e de outros países do continente. O autor principal é o radio-oncologista Gustavo Nader Marta, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) e titular da Radioterapia do Hospital Sírio-Libanês.

Em câncer de mama inicial, após a cirurgia conservadora, o número convencional é de 25 a 30 sessões diárias de radioterapia, com a paciente precisando se deslocar todos esses dias. A radioterapia hipofracionada moderada, no entanto, reduz a quantidade de sessões para 15 (ou menos, dependendo do caso), com doses mais altas, calculadas para serem seguras para as pacientes. A segurança e eficácia da radioterapia pós-operatória moderadamente hipofracionada para câncer de mama foram demonstradas por pelo menos oito ensaios controlados randomizados, que incluíram principalmente pacientes em estágio inicial.

Neste estudo, foi aplicado um questionário de 38 perguntas juntos a radio-oncologistas sobre o que é determinante para adotar ou preterir o uso de radioterapia pós-operatória moderadamente hipofracionada para câncer de mama. Um total de 173 radioterapeutas de 13 países responderam ao questionário. A maioria dos entrevistados (84,9%) preferiram radioterapia pós-operatória moderadamente hipofracionada como primeira escolha em casos de irradiação da mama inteira. Para os casos de irradiação de mama inteira com comprometimento dos linfonodos, pós-mastectomia sem reconstrução e pós-mastectomia com reconstrução, a radioterapia pós-operatória moderadamente hipofracionada foi preferida por 72,2%, 71,1% e 53,7% dos entrevistados, respectivamente.

O compromisso com o hipofracionamento, ao diminuir o período de tratamento e total de frações, é oferecer um esquema terapêutico mais conveniente e otimizado para os pacientes. No Brasil e em toda a América Latina, facilitar a logística de acesso é essencial para a saúde do paciente e saúde financeira do sistema público e privado de saúde. “O aumento do acesso dos pacientes aos cuidados médicos reduz os custos indiretos relacionados à interrupção do trabalho e deslocamento para o departamento de oncologia de radiação e redução dos custos de tratamento”, ressalta Gustavo Marta.

O questionário foi respondido por radio-oncologistas que são membros de sociedades de radioterapia da Argentina, Aruba, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, República Dominicana República, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru. A participação na pesquisa foi voluntária e os entrevistados não receberam nenhuma taxa.

O estudo, afirmam os autores, pode estimular positivamente os radioterapeutas em suas reflexões e tomadas de decisão sobre a aceitação ou não da radioterapia hipofracionada da mama em sua prática clínica diária, a fim de direcionar o caminho para maior comodidade para os pacientes e menores custos sociais. A adoção do hipofracionamento em países emergentes, afirmam, não é apenas uma questão de custo-efetividade, mas também uma forma de melhorar a assistência médica e a sobrevida do paciente.

Foto: Reprodução