Por Medicina S/A
No Brasil, a saúde pública e saneamento básico caminham distantes. Mais de 32 milhões de habitantes vivem sem água potável e cerca de 90 milhões não têm acesso a coleta de esgoto, enquanto somente 52,2% do esgoto gerado é tratado. Esse cenário precário contribui para o aumento de doenças associadas à falta de saneamento e, consequentemente, resulta em maiores gastos com internações e sobrecarrega o sistema de saúde.
Segundo informações do DATASUS (2022), presentes no Painel Saneamento Brasil, o país teve despesas superiores a R$ 87 milhões com hospitalizações por doenças de veiculação hídrica, como diarreia, febre amarela, dengue, leptospirose, malária e esquistossomose. Ao todo, foram mais de 191 mil internações por essas enfermidades.
Tabela 1 – Internações e despesas por doenças de veiculação hídrica
Entre as cinco regiões, o Nordeste do país apresentou a maior despesa e internações por doenças relacionadas à precariedade do saneamento. Foram mais de 75 mil hospitalizações, resultando em gastos de quase R$ 32 milhões. Em seguida, o Sudeste e o Norte também apresentam preocupantes indicadores.
Para o Instituto Trata Brasil, esse panorama nacional e regional evidencia o impacto crítico da ausência de saneamento na saúde pública, afetando diretamente o bem-estar dos cidadãos. Priorizar a universalização do acesso à água e, principalmente, da coleta e tratamento de esgoto, é fundamental para ofertar e garantir condições básicas de qualidade de vida para a população. “Os R$ 87 milhões atualmente gastos com doenças por falta do básico poderiam ser investidos em outros pilares da sociedade, como por exemplo, educação, segurança, proteção do meio ambiente, entre outros. O acesso pleno ao saneamento tem o potencial de gerar benefícios significativos em aspectos sociais, econômicos e ambientais”.