Por Medicina S/A
Pesquisadores do Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde (SES) de São Paulo, desenvolveram nanopartículas de prata (AgNP) biogênicas capazes de conter o crescimento de fungos do gênero Candida, responsáveis por infecções moderadas e graves em humanos. Segundo estudo publicado na revista Antibiotics, essas nanopartículas também evitam a proliferação de fungos responsáveis por danos às plantações.
“Exploramos a ação antimicrobiana das nanopartículas e vimos que elas têm ação importante no combate a fungos do gênero Candida sp que causam sérios problemas, incluindo as infecções hospitalares, e em alguns fungos que são prejudiciais à produção de grãos”, explica a pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento e Inovação (LDI) do Instituto Butantan, Ana Olívia de Souza, líder do estudo publicado na revista Antibiotics.
As nanopartículas desenvolvidas pelo Butantan apresentaram atividade antifúngica contra seis espécies do fungo Candida sp de importância clínica (Candida albicans, Candida krusei, Candida glabrata, Candida parapsilosis, Candida tropicalis e Candida guilliermondii). Um exemplo das infecções em humanos causadas por esses fungos é a candidíase, que provoca infecções orais, vaginais, de pele e sistêmica, sendo a originada por Candida albicans a mais comum. Consideradas um problema de saúde pública mundial, as infecções fúngicas acometem mais de 300 milhões de pessoas todos os anos, resultando em mais de 1 milhão de mortes.
O estudo descreve também a atividade antifúngica das AgNPs em seis espécies de fungos do gênero Fusarium (Fusarium oxysporum, Fusarium phaseoli, Fusarium sacchari, Fusarium subglutinans, Fusarium verticillioides) e no fungo Curvularia lunata, todos patógenos comuns em plantas e cereais. “O uso destes nanomateriais na agricultura pode ser uma alternativa aos fungicidas atualmente em uso, cuja utilização sistemática vem causando resistência dos fungos, causando mais dificuldade no controle das pragas, além de um grande impacto na agricultura e na economia”, destaca a pesquisadora.
No estudo do Butantan, as nanopartículas foram obtidas utilizando espécies de fungos isoladas de plantas de Manguezal e da Caatinga. Essas nanopartículas mostraram estabilidade por longo período em temperatura ambiente e, além do efeito antimicrobiano, em outro estudo publicado na revista Environmental Science Nano, o grupo mostrou a ausência de toxicidade de baixas dosagens das nanopartículas em organismos aquáticos, como zebrafish e camarão, que são indicadores da condição ambiental.
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