Por Medicina S/A
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil registra aproximadamente 39 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço por ano, somando tumores de boca, laringe, orofaringe, hipofaringe e nasofaringe. Ainda segundo o INCA, 80% dos casos são diagnosticados apenas em estágios avançados, o que compromete significativamente as taxas de cura e aumenta os riscos de sequelas, como perda da fala e dificuldade para engolir e respirar.
O cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) explica que esse cenário poderia ser revertido evitando os fatores de risco conhecidos. “O câncer de cabeça e pescoço pode ser evitado, principalmente porque, em grande parte dos casos, está associado ao tabagismo, consumo excessivo de álcool e infecção pelo HPV. Quando o paciente fica atento aos sinais e sintomas as chances de cura ultrapassam os 80%”, afirma.
“O grande problema é que muitos dos sintomas são facilmente confundidos com situações comuns do dia a dia, como aftas, infecções de garganta, rouquidão passageira, sinusite ou problemas dentários. Isso faz com que muitas pessoas posterguem a busca por atendimento médico, levando ao diagnóstico em estágios mais avançados, quando o tratamento se torna mais complexo e com maiores chances de sequelas”, alerta Pinheiro.
O especialista reforça que, além da adoção de hábitos saudáveis — como evitar o tabagismo, reduzir o consumo de álcool e manter boa higiene bucal —, a vacinação contra o HPV é fundamental na prevenção de alguns tipos de câncer de cabeça e pescoço, especialmente os que acometem a orofaringe (amígdalas e base da língua). “A vacina é uma ferramenta de saúde pública extremamente eficaz e segura, capaz de proteger não apenas contra o câncer de colo do útero, mas também contra tumores relacionados ao HPV na boca, garganta e outras regiões”, destaca.
Quando o câncer de cabeça e pescoço é diagnosticado em fases avançadas, pode ser indicado o tratamento com abordagens combinadas que podem incluir cirurgia, radioterapia e quimioterapia. “O tratamento cirúrgico é essencial para tumores da cavidade oral e das glândulas salivares, enquanto nos tumores de laringe e faringe a definição da melhor estratégia cirurgia, radioterapia ou combinação dos tratamentos considera o tipo de tumor, o estágio da doença e as condições clínicas do paciente”, explica o presidente da SBCO.
Já em casos de diagnóstico precoce, a cirurgia, na maioria dos casos, é menor, menos agressiva e com muito menos impacto funcional e estético. “Isso significa preservar funções como fala, deglutição e respiração, além de oferecer melhores resultados oncológicos. Por outro lado, quando o tumor está em estágio avançado, o procedimento se torna mais desafiador e, frequentemente, exige tratamentos combinados, com maior risco de sequelas permanentes”, conclui.
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