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Gestante morre à espera de vaga em hospital de Uberaba

Gestante de sete meses morreu em Delta (MG) em decorrência de espera por vaga em hospital de Uberaba. O fato aconteceu na manhã da sexta-feira, dia 15, quando a paciente, uma jovem de 23 anos, procurou a unidade de saúde da cidade de Delta com problemas respiratórios. Diante da gravidade do caso, os médicos e enfermeiros teriam solicitado vaga para transferência a um hospital, entretanto, com a demora, o estado de saúde da paciente ficou mais grave, sendo que teve uma parada cardiorrespiratória e morreu. A criança também não sobreviveu.

Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde de Delta lamentou o óbito e, por meio de nota, garantiu que a equipe da UBS realizou todos os procedimentos possíveis, dentro da estrutura física disponível na unidade, e, mesmo assim, a paciente não resistiu. Na unidade ela foi atendida pelo médico plantonista com quadros de tosse e dispneia agravados. Ela teria revelado ao profissional que estava com os sintomas há três dias, quando foi medicada e todos os procedimentos possíveis foram realizados. Contudo, percebeu-se a necessidade de solicitar vaga em hospital de Uberaba.

Assim, ainda conforme a nota, “foi solicitada a vaga, porém não houve aceitação imediata no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC/UFTM), pois, segundo informações da telefonista, o staff não estava presente. E devido à demora da vaga e gravidade do caso, tentamos vaga no Mário Palmério Hospital Universitário (MPHU)”, afirma a Secretaria Municipal de Saúde de Delta, em nota enviada à imprensa.

No MPHU teriam encontrado vaga disponível para transferência da paciente, o processo foi iniciado, mas não foi possível a conclusão diante da piora do quadro clínico da referida paciente. Por isto a ambulância teria retornado à UBS, pois a gestante teve parada cardiorrespiratória, vindo a óbito. Diante da situação, a secretaria afirma ainda que a paciente estava acompanhada por dois médicos, um plantonista e um ginecologista, além disso, estava com pré-natal em dia.

Prefeitura de Delta vai questionar SUS Fácil na Justiça
O caso será apresentado ao Ministério Público. De acordo com a prefeita de Delta, Lauzita Rezende, além de instaurar processo administrativo para apurar os fatos, o caso será levado à Justiça, com o intuito de questionar o Sistema SUS Fácil, a partir da dificuldade de realizar a transferência da paciente.

Mais uma vez, a prefeita lamentou o fato, mas disse que situações como esta fazem com que o Município cobre mais pelos direitos de cidades menores. “Quando acontece algum problema pela falta de médicos, medicamentos ou equipe para atender o paciente, o Município deve ser punido, mas, quando isso acontece por que o sistema não funcionou, é triste. Por isso vamos tomar as providências necessárias, tanto na Prefeitura, para apurar os fatos, como também diante do relatório que já temos. Vamos apresentar o caso à promotoria, para que seja avaliado o sistema do SUS Fácil”, diz.

Lauzita afirma, ainda, que a burocracia gerou problemas no atendimento dessa paciente. Em outros tempos, quando não existia o sistema, o médico apenas informava o hospital de que estava encaminhando um paciente em estado grave, que se encaixa na Vaga Zero. “Nesse caso foi preciso entrar em contato com o médico regulador. Os médicos ligaram às 5h30 e foram orientados a tentar estabilizar a paciente. Mas, por volta de 6h, a central de regulação inseriu a paciente no sistema, informando sobre o caso, e somente depois de uma hora encontraram uma vaga; e isso por que o médico ligou diretamente no Mário Palmério Hospital Universitário”, explica Lauzita.

Quando questionada sobre o motivo pelo qual a equipe não encaminhou a paciente para algum hospital de Uberaba, mesmo sem a garantia da vaga, já que se tratava de um caso grave e sendo atendida no pronto atendimento, Lauzita afirma que o médico tinha de seguir protocolos. “Com certeza, o médico vai se posicionar, explicar o que aconteceu, mas ele me disse que teve de seguir esse ‘bendito’ protocolo, que quem está na base sabe que ele é falho”, afirma.

Para finalizar, Lauzita que também é presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Rio Grande (Cisvalegran), destaca que vários outros municípios enfrentam problemas com o sistema SUS Fácil.

Fonte: http://jmonline.com.br/
Foto: Pinas, via Flickr