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Brasil tem 17 mil médicos formados no exterior sem diploma válido

Aprimoramento do exame Revalida e aproveitamento dos profissionais formados fora do país foram tema de audiência pública na Câmara Federal

Cerca de 17 mil brasileiros formados em medicina em universidades de fora do país não conseguem validar seus diplomas para o exercício profissional no Brasil através do exame do Revalida aplicado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas).

Leia a notícia publicada na Agência Brasil.

Ouça o Podcast do presidente da Anadem, Raul Canal, sobre o tema.

Os números foram divulgados pela Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética) durante uma audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados para discutir o aproveitamento dos profissionais formados no exterior, nesta terça-feira (12/7).

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Conforme o levantamento, o Brasil possui 126 mil estudantes de medicina. Quase metade (60 mil) estuda fora do país. O encontro contou com a presença de reitores de oito universidades bolivianas onde estudam boa parte dos 25 mil brasileiros que estão no país vizinho em busca do diploma.

O alto índice de reprovação no Revalida preocupa autoridades acadêmicas e entidades de classe do Brasil. Na segunda e última prova do Inep, realizada em março deste ano, dos 9% aprovados em primeira fase, realizada em novembro passado, 57% dos profissionais examinados foram reprovados.

De acordo com o presidente da Anadem, Raul Canal, o problema não está na qualidade do ensino oferecido na Bolívia ou em outros países, mas na capacidade das instituições brasileiras responsáveis pelo ensino superior de validar estes diplomas.

“Ouvi que o ensino médico na Bolívia é de baixa qualidade. Isso não condiz com a realidade. Infelizmente, a verdade é que não temos condições de aferir a qualidade dos médicos brasileiros formados fora do país”, observou Canal, que também preside a Ubemex (União Brasileira dos Estudantes de Medicina no Exterior).

Especialista em Direito Médico, Raul Canal defende a aprovação de uma lei que aplique o exame obrigatório aos médicos brasileiros a exemplo do exame da ordem para os advogados. Ele sugere que os profissionais formados no exterior recebam uma complementação curricular dentro do Inep para se habilitarem ao exame Revalida e, posteriormente, serem aproveitados pelo programa Mais Médicos.

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“Nossa proposta é uma articulação do governo federal para a adequação curricular com as instituições de ensino superior da Bolívia. E também uma complementação de conteúdo com a participação do Conselho Federal de Medicina e do Ministério da Educação para o aproveitamento deles no programa Mais Médicos”, comenta.

O reitor da Universidade Técnica Privada Cosmos, Hernán Garcia Arce, acredita que os currículos das faculdades de medicina da Bolívia devem passar por mudanças para atender as necessidades de formação dos médicos brasileiros. Segundo ele, as pessoas que se formam na Bolívia têm capacidade de enfrentar o exame Revalida.

“Peço que as autoridades acadêmicas no Brasil possam fazer uma análise dos currículos de nossas universidades para que possamos nos adaptar a uma realidade completamente diferente da nossa e aumentarmos a quantidade de aprovados no exame Revalida. Precisamos deste feedback para que possamos aperfeiçoar nossas instituições”, pondera.

Representante do Conselho Federal de Medicina, Jean Carlos Fernandes Cavalcante salientou não ser contra trazer médicos do exterior. “O problema é manter médicos sem revalidação do diploma e utilizar outros sem qualificação necessária”, comentou referindo-se ao cubanos que atuam no Mais Médicos.

O presidente do Conselho Nacional de Educação, Luiz Roberto Cury, salientou a importância da entrada em vigor da resolução número 3, que prevê regras mais flexíveis para validação de cursos de pós graduação sem perda do padrão de qualidade.