Por Ana Paula Bimbati do Diário de S. Paulo
Há três anos, o suposto erro de um cirurgião tirou a vida de Fabiane Mesquita, de 25 anos. Depois de passar por uma cirurgia para retirar pedras do rim, ela acabou com o órgão perfurado, sofreu uma hemorragia e morreu.
A família da jovem afirma ainda que ela foi submetida a um procedimento de emergência e teve o rim retirado sem o consentimento dos pais.
O caso de Fabiane é um entre os milhares de processos na Justiça acusando médicos de erros. O número de ações de pacientes ou parentes deles contra esses profissionais no país assusta. E dados do STJ (Superior Tribunal Federal) obtidos pelo DIÁRIO via Lei de Acesso à Informação, mostram um cenário pior a cada ano no Brasil. O STJ é a penúltima instância do Judiciário.
Comparando 2015 com este ano, o número de processos que chegou até a Corte acusando um ou mais profissionais de erro oriundo da Justiça do estado de São Paulo quase dobrou, de 163 para 304. É o maior desde 2010. As ações que chegaram dos outros tribunais de segunda instância pelo país aumentaram de 474 para 517.
Os números, por si só, podem parecer frios para os que não passam por esse drama, mas os relatos das vítimas por trás deles mostram famílias despedaçadas e vidas perdidas.
“Minha filha chegou sorrindo ao hospital, cheia de vida, mas saiu sem rim, num caixão. Foi uma falta de responsabilidade o que aconteceu”, relembrou o montador de cadeiras Fábio Mesquita, 48, pai de Fabiane Mesquita.
Segundo sua versão, em nenhum momento o médico responsável pela retirada das pedras do rim da jovem falou sobre algum problema no diagnóstico da filha ou mesmo no pós-operatório.
“Nas duas vezes, até na segunda, quando não avisou que iria retirar o rim dela, o doutor disse que a cirurgia tinha sido um sucesso”, acusou.
Hoje, Mesquita sofre só de passar em frente a um hospital. “Ela era muito querida e tinha sonhos”, relembrou o pai, chorando. “Nunca vai sair da minha cabeça, nem do meu coração tudo que aconteceu.”
A empresária Inês Andrade, 71, também diz ter sido vítima de um erro médico. “Não quero que ninguém passe pelo que passei. Quero que eles fiquem mais atentos”. explicou, sobre o motivo da ação.
Ela tirou um tumor do cérebro em abril, mas, sem qualquer justificativa, o material colhido foi perdido e até hoje a empresária não sabe se ele era maligno ou ed-pills24.com.
“Uma coisa dessas não pode acontecer e ser tratada de forma natural”, destacou Inês. O médico contou para ela que nunca havia passado por algo parecido, mas não soube explicar como tudo aconteceu.
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) admite a falta de qualidade na formação dos profissionais, principalmente nas faculdade particulares.
“Um ensino ruim, sem hospital na faculdade e um sistema de saúde precário são características que favorecem a imperícia”, destacou o presidente do conselho, Marco Aranha.
A tese é corroborada pelo juiz-assessor Leandro Galluzzi, da Corregedoria-Geral da Justiça paulista. “Houve um aumento no número de faculdades de medicina, principalmente na região Sul e Sudeste, e isso colabora (para os erros médicos) porque o nível de qualidade é baixo.”
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