Em experimento, voluntários relataram seu próprio nível de felicidade após cada ato de generosidade
Por France Presse
O que inspira os humanos a praticarem atos de generosidade? Economistas, psicólogos e filósofos refletem sobre esta questão há milênios. Se pressupormos que o comportamento humano é motivado principalmente pelo interesse pessoal, parece ilógico sacrificar voluntariamente os recursos pelos outros.
Na tentativa de resolver esse paradoxo, alguns especialistas formularam a teoria de que doar ou presentear satisfaz o desejo de elevar a posição do indivíduo em um grupo. Outros sugeriram que o ato promove a cooperação tribal e a coesão – um elemento-chave na sobrevivência dos mamíferos. Outra explicação é que doamos apenas porque esperamos receber algo em troca.
Um estudo publicado nesta terça-feira (11) sugere que a resposta pode ser muito mais simples: doar nos deixa feliz. Os cientistas realizaram um experimento em um laboratório em Zurique, na Suíça, com 50 pessoas que relataram seus próprios níveis de felicidade após atos de generosidade. Consistentemente, eles indicaram que doar era uma experiência de bem-estar.
Imagem do cérebro
Ao mesmo tempo, os exames de ressonância magnética revelaram que uma área do cérebro ligada à generosidade desencadeou uma resposta em outra parte relacionada à felicidade. “Nosso estudo fornece evidências comportamentais e neurais que apoiam a ligação entre generosidade e felicidade”, escreveu a equipe na revista científica “Nature Communications”.
Os pesquisadores informaram aos participantes que cada um deles teria à disposição um valor de 25 francos suíços (US$ 26) por semana durante quatro semanas. Metade dos participantes foram convidados a se comprometer a gastar o dinheiro com outras pessoas, enquanto o resto poderia planejar como gastariam o dinheiro com eles próprios. Nenhum dinheiro foi realmente recebido ou gasto por nenhum dos dois grupos.
Depois de se comprometerem com os gastos, os participantes responderam às perguntas enquanto seus cérebros estavam sendo examinados. As perguntas evocaram cenários que opunham os próprios interesses dos participantes contra os interesses dos beneficiários da sua generosidade experimental. Os pesquisadores examinaram a atividade em três áreas do cérebro – uma ligada ao altruísmo e ao comportamento social, uma segunda à felicidade e uma terceira área envolvida na tomada de decisões.
A equipe descobriu que o grupo que se comprometeu a doar o dinheiro relatou estar mais feliz do que os que iam gastar a quantia com eles próprios. As descobertas têm implicações para a educação, política, economia e saúde pública, segundo os pesquisadores. “A generosidade e a felicidade melhoram o bem-estar individual e podem facilitar o sucesso social”, escreveram.
Foto: Reprodução/Flickr/Goutler Rodrigues