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Estudo Sabe mostra quadro preocupante sobre idosos brasileiros

Pesquisadora aponta a necessidade de uma agenda nacional de saúde pública voltada para o envelhecimento


Por Mariza Tavares, G1 Rio de Janeiro

O estudo Sabe (Saúde, Bem-estar e Envelhecimento) é uma ferramenta valiosa para avaliar como nossos idosos estão lidando com os desafios da velhice. Começou no ano de 2000, numa iniciativa da Opas, a Organização Pan-Americana de Saúde, em sete centros urbanos: Bridgetown (Barbados); Buenos Aires (Argentina); São Paulo (Brasil); Santiago (Chile); Havana (Cuba); Cidade do México (México) e Montevidéu (Uruguai). No primeiro grupo de acompanhamento havia 2.143 idosos. Do contingente inicial ainda há 556 remanescentes, enquanto outras pessoas foram sendo incluídas ao longo dos anos. São Paulo é a sétima maior cidade do mundo, com 12 milhões de habitantes e 1.6 milhão de idosos, o equivalente a 12,8% da sua população – por isso mesmo, um ótimo campo para a pesquisa. Os levantamentos são feitos em intervalos regulares, a cada cinco anos, e as informações são fundamentais para se ter uma ideia de como o país está cuidando de seus cidadãos mais velhos.

Infelizmente, as notícias não são boas, é a avaliação de Yeda Aparecida de Oliveira Duarte, coordenadora do Sabe e professora-doutora do Departamento de Enfermagem da USP. Em sua apresentação no XXI Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, a pesquisadora mostrou dados preocupantes: no grupo entre 60 e 64 anos, 16,2% não conseguem desempenhar uma ou mais atividades básicas, como alimentar-se e tomar banho; enquanto 35,5% não conseguem realizar atividades instrumentais, que são um pouco mais complexas – vão da preparação de alimentos à utilização de transporte público ou privado, de cuidar de animais de estimação a gerenciar seus recursos financeiros.

No caso de doenças crônicas, o quadro também é sombrio. Em 2000, 53,3% relatavam ter hipertensão; em 2017, foram 54,8%. Os percentuais para diabetes subiram muito: de 17,9% para 24,6%, no mesmo período. “No ano de 2000, 31,7% apresentavam doença articular e, em 2017, eram 32,9%. As pessoas demoram a procurar assistência quando apresentam problemas nas articulações, acreditando que se trata de uma condição normal do envelhecimento. Não se dão conta de que vão restringindo suas atividades, deixam de se locomover, a vida passa a girar em torno da casa”, explicou a professora, lembrando que esses são indivíduos entre 60 e 64 anos, ou seja, que ainda vão viver bastante, mas em condições precárias: “a mídia retrata idosos ativos que estão nas ruas, nas academias, na praia. Não estou falando desses velhos, e sim daqueles que já nem saem mais de casa”.

Chama a atenção o fato de, mesmo estando abaixo dos 65 anos, 21% desses idosos se encontram numa situação de fragilidade, uma condição que engloba baixa atividade física, perda de peso não intencional, redução da força e da velocidade da caminhada, além de fadiga. Outros 40,4% estão em situação pré-frágil e 38,6% podem ser considerados não frágeis. Para a pesquisadora, a única saída é a questão se tornar uma prioridade: “precisamos de uma agenda nacional de saúde pública voltada para o envelhecimento”.

Com esta coluna, encerro a série sobre o XXI Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia. Precisaria ter uns três clones para participar de todas as palestras que aconteceram. Quis mostrar a riqueza e a diversidade de assuntos relativos e também o empenho de profissionais de diferentes áreas que se dedicam ao envelhecimento. Há muito o que fazer, mas os idosos não estão sozinhos.

Foto: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=38856380

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