Na verdade, não como muito. Não tenho força de vontade. Meu metabolismo é lento. E por aí vai…
Por Mariza Tavares, G1 Rio de Janeiro
Quando se é jovem, podemos achar que temos motivos mais fortes para tentar perder peso, como voltar a entrar nas roupas usadas antes da gravidez ou investir num relacionamento. Embora envelhecer tenha um aspecto libertador, já que não nos preocupamos tanto com o que os outros vão pensar, isso também pode funcionar negativamente na hora de restringir o consumo de calorias. Mesmo que saibamos das vantagens para a saúde, sabotar os próprios planos de emagrecimento e/ou controle do peso é mais regra que exceção.
Pesquisadores estudam inclusive o cérebro das pessoas em busca de elementos que prevejam que tipo de indivíduo terá mais sucesso quando decidir fazer um regime. Recentemente o “Journal of Neuroscience” publicou estudo mostrando que diferenças na estrutura do córtex pré-frontral estão relacionadas com a capacidade de escolher comidas mais saudáveis. De acordo com Shari Broder, colunista do site SixtyandMe, as mentiras que (nos) pregamos são como “diabinhos” sussurrando em nossos ouvidos, mas há como detê-los.
1) Gosto muito de comida para ser magro/magra.
Sério? A maioria das pessoas compartilha desse prazer, e afinal comer também é uma necessidade básica. Mas uma coisa é se alimentar, e outra é comer demais – é isso que faz a balança disparar.
2) Na verdade, não como muito.
Essa é a manifestação de autoengano mais frequente que existe, mas não resiste a uma investigação mais profunda. Que tal fazer o seguinte: comer apenas quando se tem fome e parar antes de se sentir cheio? Estudos têm demonstrado que as pessoas que comem além da conta estimam para baixo o volume de comida ingerido: algo em torno de 30%. Durante uma semana, anote tudo o que comeu para comprovar isso. Não esqueça de incluir os biscoitinhos que acompanham o cafezinho e as rodelas de pão antes das refeições.
3) Não tenho força de vontade para dietas e detesto me exercitar.
Força de vontade é o tipo de coisa que vai diminuindo ao longo do dia. Portanto, aferre-se a seus planos de bons hábitos alimentares de manhã e vá renovando esses votos ao longo do dia. Quando mudamos a forma como comemos, o desejo de se empanturrar vai diminuindo. Sobre a atividade física, na verdade é possível perder peso sem se exercitar, mas a prática só vai trazer benefícios para a saúde, além de disposição e energia.
4) Perder peso depois dos 60 é difícil, meu metabolismo é lento.
Se o metabolismo se altera com a idade, mais um motivo para respeitar o ritmo do seu corpo e ingerir menos calorias, porque você não precisa tanto delas. Trata-se de uma das desculpas mais populares, porque transfere a responsabilidade da perda de peso para um fator externo.
5) É genético, minha família toda tem sobrepeso.
Provavelmente, o quadro de sobrepeso se deve mais aos hábitos alimentares familiares (massas, churrascos e alimentos ultraprocessados em doses maciças) do que a fatores genéticos. Um estilo de vida saudável é capaz de alterar o “destino” até da minoria que carrega uma carga genética de obesidade.
Foto: https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Peasant_salad#/media/File:Georgian_salad_ingredients.jpg