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'Cuidado paliativo não é sobre morrer, é sobre como quero viver até lá'; conheça a Ana Michelle

Cuidados paliativos não são apenas para quem está à beira da morte

Por G1, São Paulo

Sobre viver. O Bem Estar desta quarta-feira (22) falou de cuidados paliativos. Eles não são apenas para quem está à beira da morte, mas também para quem tem chance de sobreviver, aumentando até a chance de sucesso do tratamento.

“Descobri que cuidados paliativos não era sobre morrer, era sobre como eu queria viver até lá. E esse lá pode ser um mês, dois anos, cinco anos, 10 anos. Quem sabe?”. Quem disse isso foi a jornalista Ana Michelle Soares, de 35 anos, que descobriu um câncer de mama metastático, sem cura. O mesmo diagnóstico da amiga Renata, de 38 anos.

Elas foram encaminhadas para o tratamento paliativo. Entre um ciclo e outro de quimioterapia, elas conheceram restaurantes, brincaram carnaval, viajaram para Fernando de Noronha, para a Europa. “A gente descobriu que tava em progressão de doença, mas a gente decidiu viajar porque aqueles dias não fariam diferença no nosso tratamento. Na volta fomos para o enfretamento”, conta Ana.

A luta da Renata terminou uma semana antes do encontro do Bem Estar com a Ana. “Eu não deixei de falar nada para ela. Ela não deixou de falar nada para mim. Ela foi embora sem pendência, porque até quando você assume essa questão de cuidados paliativos, você entende que vai chegar um momento que a médica vai chegar para você e falar: não há mais o que fazer. Mas mesmo quando não há nada para fazer, tem muito a ser feito ainda”.

Além do acompanhamento médico, os cuidados paliativos da Ana incluem algumas coisas que fazem ela se sentir melhor, e que não atrapalham o tratamento. Ela toma vitaminas, faz terapia, meditação e Reiki. “Como meu tratamento é contínuo, eu preciso que o médico me olhe. Eu preciso que ele me olhe e que ele entenda se eu tô feliz, se eu não tô, se o tratamento está me fazendo bem”.

Ela prometeu que vai completar a lista de desejos que fez com a Renata.

Amor, cuidado, acolhimento são remédios fundamentais na abordagem paliativa. O médico paliativista e geriatra André Junqueira explica que são três eixos principais:

Controle de sintomas (principalmente a dor)
Qualidade de vida (priorizar ações que podem melhorar o psicológico e emocional do paciente)
Medidas de conforto e dignidade (trabalhar com os valores de vida da pessoa)
As intervenções podem ser no hospital, na casa do paciente ou em um ambiente intermediário chamado de Hospedaria. Um local que não é tão tecnológico e cheio de recursos como um hospital – porque não há necessidade – e nem a casa da pessoa, onde, talvez, os familiares não tenham condições de cuidar.

O médico paliativista Leonardo Consolim lembra alguns conceitos importantes:

Peça ao médico o acompanhamento da equipe de cuidados paliativos.
Receber cuidados paliativos não quer dizer que está abandonado, o tratamento continua e talvez se cure.
A quimioterapia não vai tratar a angústia, choro, depressão.
O foco é o paciente e não a doença.
Se tratar só a doença, ou a gente ganha, ou a gente perde. Se tratar a pessoa, a gente sempre ganha.

Quem pode se beneficiar?

Qualquer pessoa que tenha o diagnóstico de alguma doença grave, evolutiva e com alto potencial de sofrimento. Exemplos: câncer, Aids, Alzheimer, Parkinson, ELA, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), insuficiência cardíaca. Pacientes internados que estão fragilizados pela soma de várias doenças, que sozinhas não trariam risco, também podem entrar nessa lista.

Os casos de câncer são os que mais usam os cuidados paliativos. Grandes centros têm uma equipe de paliativos que acompanham os pacientes desde o início. Em outros hospitais, dois critérios são utilizados para acionar a equipe:

Pelo menos dois sintomas descompensados (ex.: insônia, dor, falta de ar, náusea)
Funcionalidade reduzida
Isso porque a cobertura pública é reduzida e não daria conta de atender todo mundo.

Foto: Michelle Loreto/TV Globo

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