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Austrália pode eliminar incidência de câncer de colo de útero até 2028

País tem altas taxas de vacinação contra o HPV, principal causa deste tipo de câncer

Por G1

A Austrália pode eliminar a incidência de câncer de colo de útero até 2028, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira (3) na publicação científica “The Lancet”.

O país está no caminho para atingir o limiar de quatro ou menos novos casos por 100.000 mulheres a cada ano, eliminando efetivamente o câncer até 2028, segundo o novo estudo publicado.

Em 2022, este tipo de câncer já poderá ser considerado raro no país, atingindo um limiar de seis novos casos por 100.000 mulheres e as mortes causadas pela doença devem cair para um novo caso por 100.000 mulheres até 2034.

Mas tudo isso depende da alta cobertura de vacinação da Austrália e da manutenção da triagem, escrevem os autores do estudo. “Esta é uma notícia tão animadora para as mulheres em toda a Austrália”, disse a professora Karen Canfell, diretora de pesquisa do Conselho de Câncer NSW, cuja organização liderou o estudo.

Estima-se que 99,7% dos casos de câncer do colo do útero são causados ​​por infecção por Papillomavirus Humano (HPV), que é sexualmente transmissível.

Pioneirismo australiano
A Austrália foi um dos primeiros países a introduzir um programa nacional de vacinação contra o HPV para meninas em 2007, e desde então tem sido estendido para alcançar uma alta cobertura de vacinação em ambos os sexos, de acordo com o estudo. Seu Programa Nacional de Rastreamento do Câncer do Colo do Útero começou em 1991.

Em seu novo estudo, os pesquisadores do Conselho de Câncer australiano analisaram dados sobre a vacinação contra o HPV, a história natural da doença e o rastreamento do colo do útero para estimar a incidência de câncer do colo do útero na Austrália de 2015 a 2100.

Atualmente, a Austrália relata sete casos deste tipo de câncer a cada 100.000 mulheres, de acordo com o estudo.

Além de eliminar a doença em 20 anos, os dados mostraram que a incidência anual de câncer do colo do útero diminuirá e permanecerá em menos de um caso por 100.000 mulheres se a triagem de HPV a cada cinco anos continuar e enquanto as pessoas receberem a vacina.

A Austrália foi chamada de “líder global na prevenção do câncer de colo do útero” no estudo. O país já tem um dos índices mais baixos de casos de câncer de colo do útero e mortes devido à doença, de acordo com o estudo.

Após a introdução do programa nacional de prevenção, em 1991, o número de mulheres com mais de 25 anos diagnosticadas com câncer cervical caiu em pelo menos 50% até 2010, segundo um estudo.

Em 2017, o país mudou do exame papanicolau, que detecta quaisquer alterações no colo do útero, a cada dois anos, para um novo teste cervical do HPV feito a cada cinco anos para mulheres de 25 a 74 anos. O novo teste pode detectar anormalidades celulares de infecções por HPV antes destas aparecerem e espera-se que reduza a mortalidade e os casos de câncer cervical em 20%, de acordo com o estudo.

Campanha de vacinação no Brasil
No Brasil, a vacina contra o HPV entrou para o calendário de vacinação brasileiro há cinco anos e a taxa de cobertura vacinal do público-alvo nunca passou dos 50%.

Desde seu lançamento 4 milhões de meninas de 9 a 14 anos completaram o esquema de vacinação com as duas doses necessárias, totalizando 41,8% das crianças a serem vacinadas.

Os meninos de 11 a 14 anos foram incluídos na vacinação contra o HPV em 2017. Desde então, segundo o Ministério da Saúde, 2,6 milhões foram vacinados com a primeira dose (35,7% do público-alvo). Em relação à segunda dose, apenas 911 mil meninos receberam a vacina, completando assim o esquema de vacinação contra o HPV.

O Ministério da Saúde lançou em setembro uma campanha de vacinação contra (HPV). O objetivo é vacinar 20,5 milhões de crianças e adolescentes no país. A expectativa é vacinar 9,7 milhões de meninas de 9 a 14 anos e 10,8 milhões de meninos de 11 a 14 anos.

Prevenção contra o câncer
O câncer de colo de útero pode ser prevenido com a vacina. Ele é o terceiro tipo de câncer mais frequente entre as mulheres no Brasil e o quarto que mais mata, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Em 2018, a estimativa do Inca é que sejam mais de 16 mil novos casos de câncer de colo de útero.

São mais de 100 tipos de vírus, dos quais 13 são considerados de alto risco, podendo causar, além dos tumores cervicais, câncer de ânus, vulva, vagina e de pênis. Altamente contagioso, muitas vezes assintomático e sem cura, ele é transmitido principalmente durante a relação sexual sem proteção.

Segundo o Ministério, a vacina usada no Brasil previne 70% de cânceres do colo útero, 90% de câncer anal, 63% do câncer de pênis, 70% dos cânceres de vagina, 72% dos cânceres de orofaringe e 90% das verrugas genitais. A vacina é segura e não aumenta o risco de eventos adversos graves, aborto ou interrupção da gravidez.

Foto: SMS Goiânia/Divulgação