Pesquisadores acreditam que aplicativo poderia ajudar pessoas em países sem acesso a exames como o eletrocardiograma tradicional.
Por G1
Seu smartphone pode determinar se você está tendo a forma mais séria – e mortal – de ataque cardíaco? Um novo estudo diz que pode – e pode ser uma ferramenta valiosa para salvar vidas.
O estudo internacional, liderado por pesquisadores do Instituto do Coração Intermountain Medical Center em Salt Lake City, nos EUA, descobriu que um aplicativo de smartphone para monitorar a atividade cardíaca e determinar se alguém está tendo um infarto do miocárdio tem quase a mesma precisão que um eletrocardiograma (ECG) padrão de 12 derivações, usado para diagnosticar ataques cardíacos.
O infarto do miocárdio é um ataque cardíaco em que a artéria é completamente bloqueada.
Pesquisadores dizem que as descobertas são significativas porque a velocidade do tratamento após um ataque cardíaco deste tipo ajuda a salvar vidas.
“Quanto mais cedo você conseguir abrir a artéria, melhor o paciente ficará. Descobrimos que esse aplicativo pode acelerar drasticamente os processos e salvar sua vida”, disse J. Brent Muhlestein, principal autor do estudo e pesquisador cardiovascular no Instituto do Coração do Centro Médico Intermountain.
No estudo, 204 pacientes com dor no peito receberam um eletrocardiograma padrão de 12 derivações e um através do aplicativo AliveCor, que é administrado através de um smartphone com um acessório de dois fios. Os pesquisadores descobriram que o aplicativo com a configuração de fios é eficaz na distinção de infarto do miocárdio com precisão e alta sensibilidade em comparação com um eletro tradicional de 12 derivações.
Um infarto do miorcárdio é um tipo muito grave de ataque cardíaco durante o qual uma das principais artérias do coração – que fornece oxigênio e sangue rico em nutrientes ao músculo cardíaco – é bloqueada. A elevação do segmento ST é uma anormalidade detectável no eletrocardiograma de 12 derivações.
Os pesquisadores apresentaram os resultados do estudo na Sessão Científica de 2018 da Associação Americana do Coração em Chicago.
Os pesquisadores conduziram o estudo em cinco locais internacionais associados à Sociedade Cardiovascular Cooperativa da Universidade Duke, com o Instituto do Coração do Intermountain Medical Center atuando como instituição coordenadora onde coletaram e compilaram dados.
A ideia para esse tipo de configuração de eletrocardiograma talvez tenha surgido do uso de esteiras para o desenvolvimento pessoal de condicionamento físico, disse o Dr. Muhlestein.
“Muitas pessoas que usam esteiras usam um dispositivo simples que pode detectar sua freqüência cardíaca, através de uma única derivação do eletrocardiograma, mais preciso do que apenas verificar o pulso. É um simples salto de lá para colocá-lo em um smartphone e, em seguida, gravar o mesmo eletrocardiograma de várias posições do corpo”, disse.
Um ecocardiograma típico tem 12 derivações, o que melhora a precisão de um diagnóstico, pois os ataques cardíacos ocorrem em diferentes partes do coração, e cada receptor examina uma parte diferente. Com o aplicativo AliveCor, os dois cabos são movidos ao redor do corpo para registrar todas as 12 partes.
As descobertas do estudo são importantes por duas razões, segundo o Dr. Muhlestein.
“A primeira é que pode acelerar o tratamento urgente de que o paciente precisa depois de sofrer um infarto do miocárdio. A Associação Americana do Coração recomenda o ‘tempo porta-balão’ – ou o tempo de quando um paciente entra no hospital até quando um cateter com um balão na ponta é inserido na artéria bloqueada do paciente, inflado para achatar a placa contra a parede da artéria – seja inferior a 90 minutos”, explica.
“Se alguém sente dores no peito e nunca teve dor no peito antes, pode pensar que é apenas um pequeno problema ou gases e não vai ao pronto-socorro”, disse Muhlestein. “Isso é perigoso, porque quanto mais rápido abrirmos a artéria bloqueada, melhor será o resultado do paciente”.
Em segundo lugar, o preço do aplicativo com a extensão de dois fios é baixo, o que poderia colocar o eletrocardiograma nas mãos de qualquer pessoa com um smartphone ou smartwatch e tornar os exames acessíveis em lugares como países do terceiro mundo onde as pessoas têm smartphones, mas onde máquinas para o eletro são caras e difíceis de encontrar.
Foto: Intermountain Medical Center Heart Institute