Pessoas mais velhas têm a vivência necessária para criar produtos sob medida para sua faixa etária
Por G1 – Bem Estar
Elizabeth Isele é CEO do Global Institute for Experienced Entrepreneurship, uma organização cujo propósito é rimar envelhecimento com oportunidades de negócios. Num artigo para o site Quartz, escreveu que os idosos compõem a mão-de-obra mais subaproveitada que existe atualmente. Ela afirma que, embora a mídia invariavelmente estabeleça uma relação direta entre empreendedores e jovens na faixa dos 20 anos, a realidade é outra. Segundo o Kauffman Index of Startup Productivity, a maior taxa de atividade empreendedora, nos Estados Unidos, ocorre no grupo entre 55 e 64 anos. Esse tem sido o padrão nos últimos 15 anos e não há sinais de que vá desacelerar. “Os empreendedores serão mais velhos, mais ousados e mais sábios”, ela afirma, apostando na experiência como um diferencial.
No Japão, o país da longevidade, o primeiro-ministro, Shinzo Abe, criou o Agenomics, uma iniciativa cujo objetivo é apoiar o empreendedorismo maduro. A ideia é ter incubadoras de negócios e agências financiadoras para que esse contingente faça a roda da economia girar mais velozmente. Eu, como parte dessa legião que sabe o que quer – e principalmente sabe como não quer ser tratada na velhice – vejo o setor de serviços, cuidados e mimos para idosos como um grande filão: praticamente um Eldorado. Se não enche os olhos dos mais jovens, que ainda não têm a dimensão do que viverão no futuro, que seja a aposta de empreendedores mais velhos, inclusive com mais sensibilidade para o assunto. Precisamos de profissionais especializados nos bônus e ônus do envelhecimento em todas as áreas: da fisioterapia à consultoria financeira; da psicologia ao turismo; sem esquecer de diversão e arte.
Quando abordo as possibilidades de empreendedorismo em minhas aulas, sempre proponho uma questão: olhe à sua volta e pense no tipo de serviço que não existe ou é de má qualidade e que pode ser aprimorado. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, grupos de senhorinhas vão rotineiramente ao teatro, pagando meia entrada, utilizando vans que acabam se transformando num ambiente de socialização. Esse é um nicho que reflete a mudança no perfil demográfico da população, mas há um amplo leque de opções aguardando desbravadores.
Na abertura do VI Fórum Internacional de Longevidade, realizado em novembro, a baronesa Sally Greengross, embaixadora especial da rede de ILCs (International Longevity Centres), presente em 16 países, lembrou que é um erro alojar todos os idosos num só grupo: “há fases distintas da velhice e, da mesma forma como não colocamos crianças e jovens no mesmo ‘pacote’, não podemos deixar que isso aconteça com os velhos. Além de falso, trata-se de um conceito perigoso, como se envelhecer fosse sinônimo de se tornar diferente, quando, na verdade, não deixamos de ser nós mesmos”.
Foto: Divulgação