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Quantos passos por dia garantem uma boa saúde?

Estudo indica que mesmo um pequeno aumento de atividade pode fazer muita diferença

Por The New York Times

Um novo estudo sobre atividade e mortalidade de mulheres mais velhas concluiu que pode ser bem menos do que acredita a maioria, e que mesmo um pequeno aumento já faz muita diferença. Além disso, mostra-se crítico em relação à validade, utilidade e origem do famoso objetivo dos “dez mil passos” presente em tantos telefones e monitores de atividade – e sugere que, na verdade, qualquer movimento, contando ou não como exercício, pode ajudar a prolongar a vida.

A essa altura, praticamente todo mundo sabe que caminhar e praticar outros tipos de atividade física são indispensáveis para o bem-estar. Estudos mostram que as pessoas ativas têm menos incidência de doenças cardíacas, obesidade e diabete tipo 2, e geralmente vivem mais que os sedentários; o que ainda deixa muita gente em dúvida é a frequência e o volume dos exercícios, bem como a intensidade.

A diretriz oficial de atividade física dos EUA e muitos outros países aconselha que os adultos completem no mínimo 150 minutos de exercícios moderados, como a caminhada, por semana. Essa recomendação, no geral, se baseia em estudos anteriores que ligam o tempo de atividade da pessoa com seu estado geral de saúde, embora alguns cientistas tenham começado a suspeitar que instar o público a medir o volume de exercícios praticados em minutos não seja ideal.

“A pessoa pode não entender intuitivamente o que significam 150 minutos de exercício por semana em termos práticos”, explica I-Min Lee, professora de medicina da Universidade de Harvard que liderou a nova pesquisa.

Segundo ela, contar passos é uma medida mais simples, concreta e conveniente de medir a atividade física. “É mais fácil entender o que representa um passo e como somá-los. Sem contar que é muito comum hoje em dia ter a tecnologia adequada no telefone e/ou nos monitores de atividade, que assumem a tarefa por nós.”

Entretanto, são poucos os estudos que fazem a correlação entre o número de passos e a saúde, em grande parte porque tal análise exigiria que as pessoas usassem monitores de atividade em vez de apenas comunicar ao pesquisador a frequência de seus exercícios.

Por isso, para o novo projeto, publicado na semana passada no “JAMA Internal Medicine”, Lee e seus colegas se propuseram a quantificar objetivamente o volume de passos para que se evite a morte prematura.

É bem provável que muitos imaginem a resposta como dez mil, uma vez que a maioria dos monitores de atividade usa esse como o limite ideal, mas Lee garante que nenhuma evidência científica embasa essa ideia. “O conceito parece ter se originado com um fabricante de relógios japonês que, nos anos 60, deu a seu pedômetro o nome, em japonês, que se traduz como ‘Dez mil passos’, e, de alguma forma, a ideia pegou”, explica. (Algumas pesquisas mais antigas sugerem que precisamos dar mais de dez mil passos para nos protegermos das doenças cardíacas.)

Dessa vez, com a intenção de usar ciência em vez de semântica, Lee e seus colegas começaram a repassar o volume imenso de dados do Estudo da Saúde da Mulher, que acompanha a saúde e os hábitos das mulheres mais velhas há décadas.

Como parte desse estudo, milhares de senhoras de mais idade tiveram de usar um monitor de atividade sofisticado, por uma semana, para rastrear os passos que cada uma deu por minuto ao longo do dia (mas sem revelar os resultados, para que nenhuma delas soubesse ou reagisse às contagens). Além disso, tiveram de fornecer aos pesquisadores informações sobre suas condições gerais de saúde e estilo de vida.

Eles reuniram as informações de mais de 17 mil participantes, a maioria de septuagenárias, e nenhuma delas relatou problemas graves de saúde. Os cientistas também verificaram os registros de mortes nos quatro ou cinco anos subsequentes, comparando-os com as contagens de passos e nível de mortalidade.

E esse paralelo provou ser revelador: aquelas que se movimentaram menos, dando apenas cerca de 2.700 passos por dia, provaram ter mais probabilidade de morrer no período de acompanhamento posterior. Já as que se mexeram mais, com algo em torno dos 7.500 passos diários, provaram correr um risco consideravelmente menor de sofrer uma morte prematura.

Por outro lado, os dados também mostraram que o número ideal variava em torno dos 4.500 passos. A mulher que atingia esse limite tinha 40 por cento menos chances de morrer no período posterior de acompanhamento.

“Ficamos surpresos ao constatar que um número relativamente baixo de passos estava associado a tamanha redução na mortalidade”, admite Lee.

Os dados também indicam que poucas mulheres caminharam com intensidade e o fizeram por motivo de exercício; a maioria assumia um passo mais calmo, mas a intensidade não foi avaliada no estudo. Apenas o número de passos diários foi associado à mortalidade, e não a velocidade com que as mulheres os acumulavam.

É claro que o estudo se limita à relação das mulheres mais velhas e mortalidade; é impossível saber se as mesmas descobertas se aplicam a homens ou jovens. Os pesquisadores tentaram mas não puderam confirmar completamente a relação entre fraqueza/doença e a pouca atividade física/morte prematura com o número de passos e a duração da vida de cada uma.

“De qualquer forma, o que vale é que as descobertas sugerem que o passo é uma boa medida para a avaliação da atividade física e que quantos mais, melhor”, resume Lee.

 

Foto: Depositphotos

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