Estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto foi publicado na revista Scientific Reports. Trabalho avaliou o sistema respiratório de 701 crianças, entre os 9 e 12 anos, de 20 escolas primárias do Porto
Por Público
Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluiu que as crianças que têm em redor das suas escolas espaços verdes “apresentam uma melhor função pulmonar”, revelou esta segunda-feira a investigadora responsável.
Em declarações à agência Lusa, Inês Paciência, investigadora do ISPUP, explicou que o estudo pretendia avaliar a influência dos espaços entorno das escolas na actividade do sistema nervoso autónomo das crianças e, consequentemente, na função pulmonar. “Queríamos avaliar de que forma é que o ambiente, nomeadamente, a utilização e caracterização do espaço em redor das escolas, se relacionava com o sistema respiratório das crianças”, referiu.
O estudo, publicado na revista Scientific Reports, avaliou, através de questionários e exames clínicos, o sistema respiratório de 701 crianças, entre os 9 e 12 anos, de 20 escolas primárias, num universo de 50 estabelecimentos do 1.º ciclo do ensino básico da cidade do Porto.
“Escolhemos 20 escolas primárias e públicas do Porto que fossem representativas dos edifícios escolares”, afirmou Inês Paciência, adiantando que a análise teve em conta espaços a uma distância de 500 metros de cada escola.
“Os espaços em redor das escolas eram relativamente diferentes, alguns eram caracterizados por uma maior presença de áreas verdes e outros por áreas construídas, tais como áreas de construção, áreas residenciais, espaços de lazer e comércio, indústrias e estradas”, sustentou.
Depois de relacionados os dados do sistema respiratório das crianças e os espaços em redor das escolas, os investigadores concluíram que a “melhor função pulmonar estava associada à maior presença de espaços verdes”.
“Concluímos que a presença de espaços verdes em redor das escolas estava associada a uma melhoria na função pulmonar e esta melhoria era mediada pela função do sistema nervoso autónomo”, realçou Inês Paciência, acrescentando que “23% a 24% dos espaços verdes apresentavam uma melhoria no sistema respiratório” das crianças.
À Lusa, Inês Paciência adiantou que as conclusões deste estudo mostram a “necessidade de serem construídas mais áreas verdes em redor das escolas”. “É necessário elaborar um conjunto de recomendações que aumentem o contacto das crianças com estas áreas verdes, no sentido de promover uma melhoria em saúde e diminuir os custos associados a uma exposição mais urbana”, concluiu.
A equipa de investigadores responsável pelo estudo, desenvolvido no âmbito do projecto ARIA: Como a qualidade do ar pode influenciar asma e alergia nas crianças”, pretende agora “estudar a forma como o ambiente urbano modifica o microbioma das crianças”.
Foto: FRANCISCO ROMAO PEREIRA