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Por que um terço dos países mais pobres enfrenta ao mesmo tempo epidemias de obesidade e de desnutrição

Sistemas alimentares estariam por trás do baixo crescimento e do comer em excesso em países de baixa renda, segundo estudo

Por BBC

Um terço dos países mais pobres do mundo lida, ao mesmo tempo, com níveis altos de obesidade e de subnutrição, que deixa pessoas magras demais. A constatação vem de artigo da publicação científica “The Lancet”. O relatório afirma que o problema seria causado pelo acesso global a alimentos ultraprocessados, e por pessoas se exercitarem cada vez menos.

Os autores pedem mudanças nos “sistemas alimentares modernos”, que eles acreditam serem vetores do problema. Os países da África Subsaariana e da Ásia são os mais afetados. A publicação estima que cerca de 2,3 bilhões de crianças e adultos no planeta estejam acima do peso, e que mais de 150 milhões de crianças apresentem crescimento atrofiado.

Muitos países de baixa renda e de renda média encaram os dois problemas ao mesmo tempo, a chamada “dupla carga da desnutrição”. Comunidades e famílias podem ser afetadas pelas duas formas de desnutrição, assim como indivíduos em diferentes fases da vida.

De acordo com a publicação, 45 entre 123 países foram afetados por essa dupla carga nos anos 1990, e 48 entre 126 países nos anos 2010. Também nos anos 2010, 14 países com menor renda do mundo já apresentavam esse “problema duplo” desde os anos 1990.


Sistemas alimentares falhos

Os autores do relatório afirmam que os governos precisam tomar uma atitude, assim como as Nações Unidas e os membros da academia, para solucionar o problema. E o foco apontado por eles é o de mudanças na dieta. O jeito como as pessoas comem, bebem e se deslocam está mudando. O número crescente de supermercados, a ampla disponibilidade de alimentos pouco nutritivos, assim como a diminuição nos níveis de atividade física conduzem ao número maior de pessoas com sobrepeso.

E essas mudanças estão afetando tanto países de baixa e de média renda, quanto os de alta renda. Ainda que o crescimento atrofiado de crianças em muitos países tenha se tornado menos frequente, a alimentação com ultraprocessados logo na infância está ligada ao baixo crescimento.

“Nós estamos presenciando uma nova realidade nutricional”, diz o autor principal do estudo, Francesco Branca, diretor do Departamento de Nutrição para Saúde e Desenvolvimento da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Não podemos mais caracterizar os países de baixa renda como subnutridos, ou os de alta renda como preocupados apenas com obesidade.” “Todas as formas de desnutrição têm um denominador comum: os sistemas alimentares que falham em fornecer às pessoas uma dieta saudável, acessível, segura e sustentável”.

Branca diz que isso requer uma mudança nos sistemas alimentares, da produção ao processamento, passando por comércio e distribuição, assim como precificação, marketing e rotulagem, padrões de consumo e de desperdício. “Todas as políticas e investimentos relevantes precisam ser reexaminados”, afirma.

O que seria uma dieta de alta qualidade?

De acordo com o artigo, uma dieta do tipo contém:

  • muitas frutas e vegetais, grãos integrais, fibras, nozes e sementes;
  • porções moderadas de alimentos de origem animal;
  • porções mínimas de carnes processadas;
  • porções mínimas de comidas e bebidas que sejam ricas em energia e em açúcar adicionado, gordura saturada, gordura trans e sal

Dietas de alta qualidade reduzem o risco de desnutrição ao encorajar crescimento saudável, desenvolvimento e proteção do corpo contra doenças ao longo da vida.

Foto: Getty Images/BBC

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