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1,6 milhão de pessoas vulneráveis ao novo coronavírus vivem longe de hospitais com UTI, segundo estudo do Ipea

A cidade do Rio é o caso mais crítico: 384,3 mil pessoas moram a uma distância maior do que 5 km de carro até o hospital mais próximo, com pelo menos um leito de UTI adulto e um respirador mecânico no SUS

 

Por G1

 

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mapeou o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) para casos suspeitos e graves de Covid-19 nas 20 maiores cidades do Brasil.

O levantamento revelou que 1,6 milhão de pessoas vulneráveis à doença moram longe de hospitais do SUS que tem leitos com respiradores – a maioria nas capitais do país.

A Cidade do Rio de Janeiro é o caso mais crítico: 384,3 mil pessoas moram a uma distância maior do que 5 km até o hospital mais próximo com pelo menos um leito de UTI (unidade de terapia intensiva) adulto e um respirador mecânico no SUS.

Em seguida, estão:

  • São Paulo (263,1 mil)
  • Brasília (121 mil)
  • Curitiba (116,4 mil).

Já Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, lidera o ranking, em termos proporcionais, como a cidade mais problemática entre as 20 mais populosas. Além de estar com 100% dos leitos de CTI para coronavírus ocupados, Caxias ainda enfrenta outro problema.

A pesquisa identificou que 82% da população mais vulnerável à Covid-19 do município têm dificuldade de mobilidade para acessar um hospital com CTI equipada para casos de internação no SUS.

Esse número equivale a 67 mil pessoas que moram a uma distância maior do que 5 km de carro até o hospital mais próximo com pelo menos um leito de UTI adulto e um respirador mecânico no SUS.

Elas fazem parte de um total de 81,3 mil pessoas consideradas vulneráveis, que têm acima de 50 anos de idade entre os 50% mais pobres da população, e que costumam ser dependentes das unidades de saúde pública. A população de Caxias é de 905 mil habitantes.

O pesquisador Rafael Pereira, que coordenou o estudo, explicou que o levantamento tem como objetivo apontar quais regiões devem ter mais atenção dos governos com atendimento pré-hospitalar, envio de agentes de saúde e ambulâncias; onde devem ser construídos hospitais de campanha; e identificar quais unidades têm menos disponibilidade de leitos e quais vão enfrentar maiores gargalos de internação de pacientes graves.

“Percebemos que existe uma desigualdade espacial dessas unidades preparadas com leitos e respiradores. Nas 20 cidades, observamos que esses hospitais tendem a ficar concentrados nas regiões centrais da cidade. O diagnóstico que tivemos é que a população das periferias tem mais dificuldade de acesso aos hospitais do SUS”, ressalta Rafael.

Caxias tem menor disponibilidade de leitos

Caxias também aparece no estudo como a cidade com o menor número de leito equipado para enfrentar a pandemia. O número médio de leitos de UTI adulto com respiradores em hospitais que atendem pelo SUS, nas 20 maiores cidades do país, é de 1,11 leito por 10 mil habitantes. Caxias está em último lugar na tabela com 0,3 leito, 73% abaixo da média.

Segundo parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde, o mínimo desejável seria que houvesse 1 leito de UTI adulto por 10 mil habitantes. Embora o valor de 1,11 esteja acima do recomendado pelo Ministério da Saúde, o parâmetro mínimo estabelecido se refere a uma situação de normalidade.

Mesmo o valor de 1,11 pode ser considerado insuficiente em uma situação de epidemia, e se enfrentar sobrecarga com os cenários de crescimento de contágio da Covid-19. Caxias tem 30 leitos, segundo a mostra o levantamento do Ipea, para um total de 905 mil pessoas.

“Para chegar à razão de 1,11, precisaria de 99 leitos, mas isso para chegar ao exigido em caso de normalidade. Para casos de pandemia, é preciso avaliar o valor da demanda, o quão grave é a situação de contágio e as medidas de contenção”, acrescentou Rafael.

Segundo a Secretaria de Saúde de Duque de Caxias, até o final da tarde de segunda-feira (13), todo os leitos de CTI para Covid-19 do município estavam ocupados no município.

De acordo com a assessoria, a cidade conta com:

  • 6 leitos de CTI exclusivo para Covid-19 no Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo (HMMRC);
  • 22 leitos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Beira Mar;
  • 3 leitos de isolamento na sala vermelha do HMMRC, destinados a pacientes de isolamento que podem ser convertidos para atender coronavírus.

Entre os 141 casos confirmados no município – registrados até sexta-feira (17) –, está o do prefeito Washington Reis (MDB).

Mais leitos em hospitais de campanha

A Secretaria de Estado de Saúde informou que, no planejamento de assistência e enfrentamento da Covid-19 no estado, a Baixada Fluminense irá somar 700 novos leitos dedicados ao tratamento de pacientes infectados, sendo 200 no hospital de campanha montado ao lado do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Caxias, um dos maiores da região, e outros 500 no aeroclube de Nova Iguaçu.

“Mostramos no estudo quais bairros vão merecer mais atenção. Esperamos com esse trabalho poder gerar informações que consigam ser úteis para as prefeituras tomarem decisões e que elas consigam encontrem a melhor maneira de lidar com o aumento dos casos”, avaliou o pesquisador do Ipea.

 

Foto: Marcos Serra Lima/ G1

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