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Pesquisa nacional sobre propagação do coronavírus enfrenta resistência em 75 municípios, diz reitor

No caso mais grave, em Santarém (PA) casa de pesquisadora foi alvo de busca e apreensão, afirma Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, responsável pelo levantamento

 

Por Bem Estar

 

Uma pesquisa nacional feita pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) a pedido do Ministério da Saúde sobre a propagação do coronavírus no Brasil tem enfrentado dificuldades em 75 dos 133 municípios em que está sendo feita, diz o reitor da instituição, Pedro Hallal. No caso mais grave, a casa de uma pesquisadora foi alvo de mandado de busca e apreensão em Santarém (PA).

O levantamento começou a ser feito na quinta-feira (14) e prevê a testagem de 33 mil pessoas. O objetivo é ter uma visão mais precisa do número de pessoas infectadas pelo coronavírus, que pode ser muito maior que os 204 mil já confirmados até a manhã desta sexta-feira (14), já que, no Brasil, a prioridade tem sido testar apenas pacientes graves – o que deixa assintomáticos e pessoas com sintomas leves fora da conta.

As dificuldades estão sendo impostas tanto por prefeituras quanto pelo receio da população, diz Mariângela Freitas da Silveira, uma das responsáveis pelo estudo.

“Tivemos várias pessoas que chamaram as forças de segurança”, afirma.

Parte delas não souberam da pesquisa, outra parte não informou a população sobre a presença dos pesquisadores – o medo do avanço da doença em alguns locais levaram até a agressões e ameaça de linchamento dos pesquisadores, o que ocorreu em 10 municípios.

“Há cidades com barreiras sanitárias, e as equipes tiveram problemas para entrar. Algumas cidades queriam que os pesquisadores fizessem quarentena, mas todos haviam sido testados e os casos positivos foram afastados. Houve casos em que a polícia apreendeu material e destruiu os exames. As equipes estão paradas e estamos tentando reverter a situação.”

Mariângela afirma que está em contato com as prefeituras para alinhar as ações de retomada das pesquisas. Segundo ela, em algumas cidades os pesquisadores poderão voltar a campo ainda na manhã desta sexta.

Segundo o reitor da UFPel, os problemas estão sendo causados por uma falha de comunicação. Embora o Ministério da Saúde tenha comunicado as Secretarias Estaduais de Saúde sobre a realização do estudo, essa informação não chegou a parte das prefeituras.

“[Em Santarém] a secretaria de saúde lançou um comunicado informando que foi um mal entendido. Mas os entrevistadores estão com medo de ir à campo”, diz Hallal.

A Secretaria Estadual de Saúde do Pará divulgou um comunicado em que diz que recebeu o e-mail sobre a pequisa ás 12h43 de quinta-feira (14), quando os pesquisadores já estavam no município e que, por isso, não foi possível entrar em contato em tempo hábil com a Secretaria Municipal de Saúde de Santarém.

O G1 consultou o Ministério da Saúde sobre o andamento da pesquisa e as notificações às secretarias de saúde e aguarda um posicionamento.

 

Foto: G1

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