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Estudo alerta sobre riscos de água contaminada por resíduos de saúde descartados

Doenças como o câncer de mama, estão associadas ao tipo de poluição, que não é abordada na lei brasileira que trata da questão

 

Por Univille

 

Uma descoberta feita em estudo de doutorado indicou impacto ambiental e grave risco à saúde provocados por resíduos de medicamentos e efluentes de análises clínicas na água de Joinville (SC). “A lei que trata do tema é desatualizada, pois não aborda parte dos compostos hoje encontrados na água”, ressalta o É proposta do meu grupo de pesquisa a atualização da legislação vigente”, ressalta o professor e pesquisador da Univille, Luciano Henrique Pinto, autor do estudo realizado no doutorado em Saúde e Meio Ambiente da Universidade. Segundo ele, esse tipo de poluição – que envolve presença de hormônios femininos – está associado ao aumento de casos de endometriose, síndrome do ovário policístico e câncer de mama.

O pesquisador está empenhado em garantir ações na esfera política para conscientizar a população sobre a descoberta. O resultado do estudo foi apresentado no Conselho Municipal de Saúde de Joinville, órgão deliberativo, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, no ano passado. O professor, que representa a Univille como membro do Conselho e secretário da mesa diretora, e já está colocando em prática desde 2019 as ações indicadas ao órgão para chamar a atenção da comunidade e abrir caminho para solucionar a questão.

Uma das ações, que começou a ser aplicada neste ano em escolas municipais de forma virtual, em virtude da pandemia da Covid-19, os alunos produzem vídeos com o tema. “A ideia é estimular a busca de soluções inovadoras e a compreensão da importância do ambiente para a saúde”, explica o professor.

Outra proposta feita ao Conselho Municipal de Saúde (CMS), já em andamento, é a qualificação de professores, de forma que nos estágios dos cursos de farmácia e enfermagem os alunos levem informação e conscientização para as unidades básicas de saúde. O professor também começou a capacitar os conselheiros do CMS para incluir as ações no planejamento em saúde dos seus bairros e municípios.

Em parceria com o Hospital Municipal São José, vão ser realizados treinamentos dos funcionários sobre riscos e impactos ambientais de descarte inadequado, bem como uma pesquisa referente aos efluentes do hospital quanto a riscos e propostas de adequações frente a possíveis poluentes emergentes.

Novas investigações

A pesquisa de doutorado do professor Luciano Henrique Pinto faz parte do projeto integrado de ensino, pesquisa e extensão da Univille ECOSAM, vinculado aos cursos de Farmácia e Enfermagem da Univille, e que aborda os riscos à saúde e ao meio ambiente decorrentes de resíduos de saúde descartados, como medicamentos e efluentes de laboratórios de análises clínicas, e promove capacitação na comunidade. Dois novos estudos do projeto, coordenado pelo professor, começam a ser desenvolvidos em 2020.

Um dos alvos de investigação está relacionado à endometriose, uma das disfunções hormonais em mulheres provocada pelo consumo da água contaminada e do uso de recipientes plásticos, segundo descoberta do ECOSAM em Joinville. A doença é ocasionada pela migração do tecido que reveste o útero para outras regiões, provocando dores intensas e até infertilidade. “Estima-se que a doença atinja cerca de 5% da população feminina, mas esse número está aumentando em virtude do impacto ambiental”, ressalta o coordenador do ECOSAM, professor Luciano Henrique Pinto.

Os pesquisadores querem investigar se o estilo de vida de mulheres diagnosticadas com endometriose pode impactar na resposta ao atendimento integral que vai ser realizado por meio da Naturologia, focado na aplicação da acupuntura para aliviar dor e tratar desequilíbrios emocionais. “A proposta é enxergar a mulher na sua integralidade – as questões emocionais e físicas envolvidas, além do aspecto ambiental”, destaca a professora Raíza.

A questão emocional tem um peso em particular nas mulheres com endometriose, pois muitas vezes elas nem sabem que têm a doença ou demoram para ter o diagnóstico. O estudo científico também tenta identificar as causas do diagnóstico tardio, tão comum nesses casos. “As dores intensas são confundidas com cólicas menstruais, o que mascara a doença e pode piorar o quadro de saúde. Elas perdem o emprego, o casamento, e há muito preconceito”, avalia o professor Luciano.

Cuidados do homem

Os cuidados do homem com sua saúde é outro foco de investigação do ECOSAM, e a comunidade pode participar respondendo a um questionário. Trata-se de mais uma etapa de pesquisa do projeto e é parte integrante de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Medicina. O estudo também vai apurar os aspectos que interferem no acesso à saúde, incluindo o ambiente e o distanciamento geográfico.

Os resultados serão apresentados ao Conselho Municipal de Saúde e a Secretaria Municipal. “O intuito é conhecer um pouco da realidade da saúde do homem para auxiliar o poder público a estabelecer estratégias mais eficazes nessa questão e subsidiar ações de extensão da Universidade”, explica o, professor Luciano Henrique Pinto. “Além do caráter de ensino atribuído ao TCC, também vai gerar informações para a formação dos alunos da área de saúde no que tange à saúde coletiva e planejamento em saúde”, complementa.

Integram o projeto ECOSAM, além do professor Luciano, a professora Ferreira Karstens (Enfermagem), as acadêmicas Sabrina Martins Rosa e Aline Miriam Paszcuk, do curso de Enfermagem, Suellen Zucco Bez e Vitória Kauana, do curso de Farmácia, e Jaqueline Tenfen, do curso de Biologia. Pelo curso de Medicina, participam as acadêmicas Bianca Elicker Rosin, Caroline Trindade, Felipe Reinert Avilla Machado e Gabriela Giaretta. Mais recentemente, passaram integrar a equipe de pesquisa, pelo curso de Naturologia, as acadêmicas Bruna de Mattos Moraes e Thamires Schwartz e a professora Raíza Cainã de Souza Fagundes.

 

Foto: Adriana Zoch

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