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Exame permite sequenciar câncer de próstata e tratamento personalizado

Procedimento busca alterações em genes relacionados ao desenvolvimento da doença para identificar quais são os melhores tratamentos para cada paciente

Por Revista Galileu

Tendência mundial na área da saúde, a medicina personalizada avança mais um passo no Brasil com o lançamento de um novo método para avaliar qual é a melhor forma de tratar casos de câncer de próstata, atendendo as necessidades individuais de cada paciente.

Chamado de Painel Somático da Próstata, o recurso é um exame desenvolvido e validado pela área de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Fleury, fruto do ensaio clínico PROfound, cujos resultados foram divulgados em maio de 2020 no periódico científico The New England Journal of Medicine.

“Antes, na oncologia, havia um tratamento só, como a radioterapia, para todo mundo. Mas com o avanço da tecnologia e do conhecimento estão aparecendo cada vez mais terapias-alvo e drogas específicas para determinadas alterações genéticas”, explica Aloísio Souza F. da Silva, assessor médico em patologia do Fleury Medicina e Saúde.

Para descobrir qual é a melhor forma de combater o câncer de próstata caso a caso, os médicos agora podem contar com esse novo exame, que consiste na realização de uma biópsia do tecido tumoral e no sequenciamento e análise do DNA dessa amostra. Com técnicas de biologia molecular e bioinformática, 22 genes relacionados ao desenvolvimento desse tipo de câncer são avaliados durante o sequenciamento, ajudando a identificar quais são as mutações e variantes que estão provocando a doença.

O teste avalia tanto as alterações pontuais (como a troca de nucleotídeo único e de pequenas inserções e deleções), como também alterações amplas (duplicações e deleções do gene). “O câncer é heterogêneo e, entre os cânceres de próstata, várias alterações genéticas podem ser sequenciadas e descobertas para que sejam desenvolvidas drogas-alvo direcionadas”, afirma Aloísio.

Tendo essa informação em mãos, os especialistas podem direcionar o tratamento mais adequado para cada paciente. A realização desse procedimento pode melhorar a resposta ao tratamento, diminuir efeitos colaterais das terapias e aumentar a sobrevida dos pacientes.

Câncer de próstata no Brasil

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais comum no país, somando cerca de 65 mil novos casos estimados por ano, atrás apenas do câncer de pele não melanoma.

O diagnóstico pode ser feito pelo exame de toque retal, em que o médico apalpa a glândula em busca de possíveis nódulos e tecidos endurecidos, ou pela dosagem de PSA, a quantidade de um antígeno prostático que pode ser avaliada em exame de sangue. Apesar da resistência de muitos pacientes, os exames são indolores, rápidos e essenciais para a prevenção e diagnóstico precoce de tumores.

Em geral, a evolução do câncer de próstata é “silenciosa” e “lenta”, como descreve o Inca, podendo levar cerca de 15 anos para que o tumor atinja 1 cm³. “Hoje temos muitos casos precoces e indolentes, em que o câncer se desenvolve lentamente e sem se espalhar para outros tecidos”, afirma Silva.

Na maioria dos casos, os sinais da doença podem se assemelhar aos sintomas de quando a glândula está crescendo benignamente: há dificuldade de urinar ou necessidade de urinar várias vezes ao dia ou à noite. Quando o câncer avança, no entanto, pacientes podem sentir dor óssea e ter infecções generalizadas e insuficiência renal.

O risco de desenvolver a doença é significativamente maior após os 50 anos; três quartos dos casos em todo o mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Histórico familiar, excesso de gordura corporal e exposição a certos produtos químicos — como aminas aromáticas, arsênio, petróleo e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) — também podem aumentar o risco de desenvolver câncer de próstata.

Foto: Wikimedia Commons