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Pesquisadores brasileiros desenvolvem vacina por spray nasal

Imunizante em estudo por pesquisadores da Unifesp, USP e InCor será associado à indução de células T a partir do uso de outros pedaços do vírus

Por Estado de Minas

Mais de um ano depois do início da pandemia de COVID-19 no mundo, a ciência conseguiu desenvolver vacinas para conter o avanço dos casos e frear novas ondas de contágio. Porém, ainda há outros imunizantes em desenvolvimento para ajudar no combate à disseminação do novo coronavírus. Uma das possibilidades é o spray nasal, totalmente produzido no Brasil.

Bem diferente do habitual, essa vacina está sendo estudada em parceria por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto do Coração (InCor).

Segundo informações das instituições, com baixo custo, o imunizante age produzindo uma resposta imunológica potente ativando as células B e T, linfócitos responsáveis pela imunidade humoral, produção de anticorpos e morte de células infectadas.

“Nossa meta é entregar uma vacina 100% brasileira, que induza resposta imune à COVID-19 por duas vias: com anticorpos e com células T. Os anticorpos induzidos pelas vacinas convencionais, como a da febre amarela ou sarampo, são neutralizantes, ou seja, têm o papel de ‘encobrir’ a superfície do vírus que ameaça o organismo, impedindo sua entrada na célula hospedeira. Mas se algum vírus escapar dessa ‘frente de defesa’, consegue adentrar essa célula, infectando-a. A partir desse momento, o anticorpo não consegue fazer mais nada.”

“Quando o vírus entra na célula, quem defende o organismo é a célula ‘T’, que pode tanto estimular a produção de anticorpos quanto, mais importante após a invasão, ‘assassinar’ as células invadidas”, explica Daniela Santoro, imunologista e docente da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) e uma das pesquisadoras envolvidas no desenvolvimento da vacina.

O projeto é custeado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTIC) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “A pesquisa abre um importante precedente para o desenvolvimento de tecnologia em saúde no país, hoje dependente dos insumos importados para prosseguir com a imunização da população. Trata-se de uma oportunidade de gerar conhecimento para que, no futuro, o Brasil possa ter domínio ainda maior sobre cada etapa da produção de uma vacina”, lembra Daniela Santoro.

O ESTUDO

Segundo os pesquisadores, para desenvolver a vacina, está sendo estudada a resposta imune de pacientes que já contraíram a COVID-19 a partir de suas amostras de sangue. “Uma parte do grupo acompanhou a resposta imune dos anticorpos, e a outra parte estudou a resposta imune celular”, descreve Daniela Santoro.

Para desenvolver vacinas que estimulam a produção de anticorpos são mapeadas as regiões do micro-organismo determinantes para o início da infecção. No coronavírus, o componente mais crítico do vírus é seu invólucro, composto pela proteína Spike, que se liga à Enzima Conversora da Angiotensina II (ACE II) das células-alvo.

“Há um pedaço dessa proteína, específico, que se encaixa nos receptores das células pulmonares, por exemplo. Esse pedacinho é alvo de anticorpos neutralizantes das vacinas que foram aprovadas e estão em uso. A vacina que estamos desenvolvendo terá esse mecanismo (anticorpos) associado à indução de células T, a partir do uso de outros pedaços do vírus, chamados epítopos”, explica a pesquisadora.

O projeto está na fase de conclusão dos ensaios pré-clínicos, com previsão de proteção contra as novas variantes do vírus em circulação. Caso seja aprovado, o projeto entra para a etapa de ensaios clínicos de fase 1 e 2, o que precisa ser avaliado e autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
Febre
Tosse
Falta de ar e dificuldade para respirar
Problemas gástricos
Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
Pneumonia
Síndrome respiratória aguda severa
Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus

Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo:
O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Foto: Pixabay