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Anticorpos recém-descobertos podem ser alvos de vacinas contra HIV

Cientistas norte-americanos identificaram um grupo de antiglicanos capaz de se ligar ao revestimento de açúcares na camada externa dos vírus da aids

Por Revista Galileu

Pesquisadores do Instituto Duke de Vacina Humana (DHVI), nos Estados Unidos, identificaram um grupo de anticorpos que é eficaz na neutralização do vírus HIV. A descoberta, publicada na revista científica Cell nesta quinta-feira (20), pode ajudar no desenvolvimento de vacinas contra o vírus da aids e, potencialmente, até mesmo o Sars-CoV-2, coronavírus causador da Covid-19.

A mesma abordagem poderá também ser usada na prevenção contra outros micróbios. “Esses novos anticorpos têm um formato especial e podem ser eficazes contra uma variedade de patógenos. É muito empolgante”, aponta Barton Haynes, diretor do DHVI e coautor da descoberta, em comunicado.

Os especialistas descreveram no estudo uma célula de defesa encontrada tanto em macacos e humanos, que é responsável pela produção de anticorpos antiglicanos. Eles se ligam a um revestimento de açúcares na camada externa do HIV, impedindo a infecção.

Esses açúcares do HIV se chamam glicanos e mais de 50% da camada exterior do agente infeccioso é composta por eles. Há tempos cientistas avaliam um modo de quebrar tal estrutura, fazendo com que células do sistema imune, os linfócitos B, produzissem outros anticorpos para neutralizar o vírus.

O grupo de antiglicanos recém-descoberto desencadeia justamente esse mecanismo, ao acionar uma resposta de combate ao HIV. O conjunto ganhou nome de Anticorpos Reativos ao Glicano Dimerizado com Fab (FDG), em tradução livre.

“Na verdade, esses anticorpos são muito mais comuns nas células sanguíneas do que outros anticorpos neutralizantes que visam regiões específicas da camada externa do HIV”, conta Wilton Williams, primeiro autor do estudo.

O problema é que os açúcares do vírus da aids se parecem muito com os glicanos do hospedeiro e funcionam como um “escudo” para o HIV. Isso faz com que o agente infeccioso pareça ser uma inocente parte de sua vítima, e não uma ameaça. Todavia, os antiglicanos podem combater esse funcionamento destrutivo.

Para atestar isso, a equipe de cientistas isolou vários anticorpos FDG e analisou as estruturas deles, percebendo que as substâncias se parecem muito com outro antiglicano que combate HIV, o 2G12, descoberto há 24 anos. Os formatos tanto dos anticorpos FDG como dos 2G12 permitem que eles se fixem em uma porção específica dos açúcares do vírus.

Outra boa notícia do estudo é que os antiglicanos recém-descobertos também são capazes de se ligar ao fungo Candida albicans, causador da candidíase, e a vírus, incluindo o Sars-CoV-2. No entanto, mais estudos serão feitos para entender como essa função poderia ser explorada em prol da nossa saúde.

Foto: Pexels

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