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Estudo investiga como corpo humano evoluiu para facilitar (ou não) o parto

Cientistas dos EUA e da Áustria analisaram a evolução do assoalho pélvico, estrutura essencial para sustentar órgãos das mulheres e viabilizar o nascimento de bebês

Por Revista Galileu

Embora o parto natural não seja algo fácil para as mães do ponto de vista biológico, ele apresenta um equilíbrio quase perfeito do ponto de vista fisiológico: é fácil o suficiente para preservar tanto o bebê quanto os órgãos internos da mulher. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada não por médicos, mas por engenheiros da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, e da Universidade de Viena, na Áustria.

Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, o estudo aplicou princípios da engenharia civil para testar a “hipótese do assoalho pélvico”. Na mulher, esse é o nome dado à faixa de músculos que se estende ao longo da parte inferior do abdômen, do cóccix até o osso púbico. O assoalho tem a função de dar a sustentação para os órgãos pélvicos, como o útero, a bexiga e o intestino. Mas ele também comprime o canal do parto, tornando sua circunferência apertada em relação à cabeça do bebê – e causando dores e incômodo à mãe.

A hipótese, conhecida na comunidade científica mas nunca testada, afirma que um assoalho pélvico maior facilitaria, sim, o parto. Porém, quanto mais ele aumentasse sem ossos ou tecidos para sustentá-lo, maior seria a probabilidade de ele se deformar sob o peso dos órgãos, fazendo com que eles caíssem. Assim, existe um equilíbrio evolutivo, em que o parto é tão fácil quanto pode ser para manter a saúde da mãe. “Evoluímos a um ponto em que o assoalho pélvico e o canal conseguem sustentar os órgãos internos e ao mesmo tempo tornam o parto o mais fácil possível”, explica Krishna Kumar, professora assistente no departamento de engenharia civil, arquitetônica e ambiental da Escola Cockrell de Engenharia, em nota.

Engenharia do corpo

A primeira abordagem de Kumar foi pensar no assoalho pélvico como um trampolim grande que afunda conforme mais peso é aplicado, enquanto um menor consegue sustentar a estrutura melhor.

Além de estudar o tamanho, os cientistas também analisaram a espessura. Na teoria, um assoalho pélvico mais grosso continuaria a sustentar os órgãos e expandiria o espaço para o parto. Mas, na prática, isso não aconteceu. “Descobrimos que um assoalho pélvico mais espesso exigiria pressões intra-abdominais um pouco maiores do que os humanos são capazes de gerar para esticar os músculos durante o parto”, diz Nicole Grunstra, pesquisadora afiliada da Unidade de Biologia Teórica do Departamento de Biologia Evolutiva da Universidade de Viena. “Ser incapaz de empurrar o bebê através de um assoalho pélvico resistente complicaria igualmente o parto, apesar do espaço extra disponível no canal.”

Essas conclusões foram obtidas pelo Método dos Elementos Finitos, uma análise computadorizada muito utilizada para testar o design de estruturas. Usando esse modelo, os engenheiros conseguem ver quando determinada estrutura pode romper ou desgastar se submetida a altos níveis de pressão e estresse.

A equipe então modelou o assoalho pélvico de forma que conseguisse mudar seus parâmetros (como tamanho e espessura) para simular como ele responderia ao estresse do parto e à sustentação dos órgãos. Além da importância de suas conclusões biológicas, o estudo foi o primeiro a utilizar o Método dos Elementos Finitos para explorar uma questão evolucionária.

Foto: freestocks/Unsplash