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Vacina de hepatite C pode estar disponível em 5 anos, diz vencedor do Nobel

Um dos autores da descoberta do vírus em 1989, o britânico Michael Houghton prevê que a fase 1 de testes do imunizante terá início já em 2022

Por Revista Galileu

O cientista Michael Houghton, um dos autores da descoberta do vírus da hepatite C (HCV) em 1989 e um dos vencedores do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 2020 por isso, trabalha atualmente em uma vacina contra a doença. Seus esforços, segundo ele, estão dando resultado: o pesquisador anunciou que, dentro de cinco anos, o imunizante pode estar disponível para a população.

A hepatite C é uma doença que atinge 70 milhões de pessoas no mundo todo – muitas das quais não foram diagnosticadas. A enfermidade é silenciosa, podendo se manifestar na forma crônica ou aguda ao causar um processo inflamatório persistente no fígado, segundo o Ministério da Saúde. Muitos infectados desenvolvem cirrose hepática e câncer nesse órgão, e o problema mata 400 mil indivíduos por ano no mundo.

Houghton irá discutir o desenvolvimento da vacina contra a doença em uma apresentação online no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID), que acontece virtualmente até esta segunda-feira (12). O imunizante deverá induzir a produção de anticorpos para diferentes partes do vírus HCV que são capazes de gerar uma resposta imune. Isso deve impedir que o agente infeccioso escape do produto, caso apresente uma mutação.

O ganhador do Nobel conta, em comunicado, que o objetivo da vacina é atingir uma “meta ambiciosa de reduzir novas Infecções por hepatite C em 90% e taxas de mortalidade em 65% até 2030”. O trabalho está sendo feito junto a uma equipe do Instituto Li Ka Shing de Virologia Aplicada, no Canadá.

Segundo o cientista, os testes de fase 1 do imunizante contra a hepatite C devem começar em 2022. Em seguida, a fase 2 ocorrerá entre 2023 e 2026 e contará com voluntários do grupo de risco da doença transmitida por via sanguínea, como usuários de drogas injetáveis.

“Após os testes de fase 3, a vacina contra hepatite C poderá então ser lançada a outros grupos de alto risco por volta de 2029, como homens que fazem sexo com homens, profissionais de saúde e bebês nascidos de mães com hepatite C, em todos os países do mundo”, afirma Houghton.

Mas o cientista reconhece também a importância do atual tratamento com antivirais de ação direta, que apresentam capacidade de cura de 95%, após serem administrados por oito ou 12 semanas. Esses medicamentos que revolucionaram as pesquisas sobre a hepatite C estão, inclusive, disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Contudo, a existência de um tratamento não anula a necessidade de prevenir novos casos da doença, que soma todos os anos 2 milhões de novas infecções no planeta. E mais: a vacinação pode gerar uma economia de custos governamentais.

Em sua apresentação no ECCMID, Houghton irá abordar esse e outros assuntos, incluindo como a pandemia de Covid-19 pode ter atrasado a área de pesquisa do vírus HCV e quais respostas imunológicas do imunizante poderão proteger a população contra o agente infeccioso. Saiba mais no site do congresso onlne.

Foto: Center for the Study of Hepatitis C /The Rockefeller University