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Metade dos hospitalizados por Covid-19 desenvolve complicações, diz estudo

Agravamentos renais, respiratórios e sistêmicos são os mais comuns, segundo estudo publicado no “The Lancet” que analisou mais de 70 mil internações no Reino Unido

Por Revista Galileu

Quadros graves de Covid-19 podem levar a complicações renais, respiratórias, sistêmicas e de outros órgãos. Esses agravamentos, ao que tudo indica, não são incomuns: eles foram os mais recorrentes entre 70 mil pessoas avaliadas em um novo estudo, que estima que um em cada dois pacientes hospitalizados tenha ao menos uma complicação decorrente da infecção pelo Sars-CoV-2.

A pesquisa, publicada nesta quinta-feira (15) no periódico The Lancet, contou com a participação de voluntários com mais de 19 anos, que estavam internados com Covid-19 grave confirmada ou altamente suspeita, em 302 hospitais do Reino Unido. Do total, metade desenvolveu uma ou mais complicações ao longo da hospitalização.

Os pacientes foram acompanhados entre 17 de janeiro e 4 de agosto de 2020, antes que houvesse vacinação amplamente disponível. Quase um em cada três participantes do estudo (32%) morreu. Entre os sobreviventes, 44% tiveram problemas secundários à doença.

Os agravamentos foram mais evidentes entre homens e pessoas com mais de 60 anos, mas indivíduos de todas as faixas etárias tiveram altas taxas de complicação. Constatou-se que 27% dos jovens de 19 a 29 anos e 37% dos adultos de 30 a 39 anos tiveram alguma das questões. Já 54% das pessoas da faixa dos 60 a 69 anos enfrentaram um quadro grave.

As condições mais comuns em decorrência da Covid-19 foram as renais, que afetaram 24% das vítimas. Em seguida vêm os problemas respiratórios (18%) e os sistêmicos (16). Já os cardiovaculares foram reportados em uma a cada oito pessoas (12%); os neurológicos foram observados em 4% dos pacientes, e os de ordem gastrointestinal ou hepática, em 11%.

O agravamento fez com que, após a hospitalização, 27% dos pacientes estivessem incapazes de cuidar de si mesmos. Isso foi mais recorrente em pessoas de idade avançada, mas também ocorreu em 13% dos jovens de 19 a 29 anos e 17% dos adultos de 30 a 39 anos.

“Este estudo contradiz as narrativas atuais de que a Covid-19 é perigosa apenas em pessoas com comorbidades existentes e idosos. Dissipar e contribuir para o debate científico em torno de tais narrativas tornou-se cada vez mais importante”, comenta Calum Semple, coautor da pesquisa, em comunicado.

Com base nos achados, os cientistas querem continuar estudando os participantes para orientar políticas públicas de saúde. “É importante que, com o alto risco e o impacto que elas têm nas pessoas, as complicações da Covid-19, e não apenas a morte, sejam consideradas quando decisões sobre a melhor forma de enfrentar a pandemia forem tomadas. Apenas focar nos óbitos provavelmente subestima o verdadeiro impacto da doença, particularmente em pessoas mais jovens, que são mais propensas a sobreviver à Covid-19 grave”, explica Aya Riad, coautora do estudo.

Foto: Levi Meir Clancy/Unsplash