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Por que a cirurgia de coração e timo em bebê pode revolucionar a medicina

Procedimento realizado no Hospital da Universidade Duke, nos Estados Unidos, ocorreu para salvar a vida do menino de 1 ano e permitir melhor aceitação do órgão cardíaco

Por Revista Galileu

O pequeno Easton Sinnamon, de 1 ano, tornou-se o primeiro humano a receber um transplante de coração e um implante de timo, glândula próxima ao coração que regula a defesa imunológica do organismo. A realização do procedimento duplo foi divulgada na última segunda-feira (7) pelo Hospital da Universidade Duke, no estado norte-americano da Carolina do Norte, onde se deu o procedimento.

O transplante seguido de um implante é um marco que pode revolucionar a medicina. “Isso tem o potencial de mudar o perfil dos transplantes de órgãos sólidos no futuro”, diz Joseph W. Turek, chefe de cirurgia cardíaca pediátrica do hospital e membro da equipe cirúrgica responsável, em comunicado.

Cirurgia “em dobro”

Sinnamon nasceu com graves defeitos cardíacos e deficiência na glândula Timo de causa desconhecida, o que prejudicou gravemente seu sistema imune. Ele recebeu o transplante de coração em 6 de agosto de 2021, quando tinha apenas 6 meses de vida. Duas semanas depois, passou por um implante com o tecido de timo cultivado a partir do doador do órgão cardíaco.

O coração transplantado tem uma vida útil média de10 a 15 anos, sendo que essa durabilidade é afetada por medicamentos imunossupressores antirrejeição. Cientes disso, os médicos transplantaram o timo em Sinnamon para ajudar a impedir que seu corpo rejeitasse o novo coração.

Como o bebê já precisava tanto do timo quanto do órgão que bombeia sangue para o corpo, a oportunidade foi ótima. O órgão linfático estimula o desenvolvimento de células T, que combatem substâncias estranhas no corpo. Isso faz com que o sistema imunológico do doador reconheça as células do receptor do transplante.

Essa ideia já havia se mostrado promissora em animais, em experimentos feitos no laboratório de Turek na Universidade Duke. Mas esta é a primeira vez que a operação é realizada em um ser humano. Além disso, o método de implantação do timo é considerado pioneiro.

Ele parte de uma técnica de cultura do tecido, usada também em casos de atimia congênita, uma condição rara na qual bebês nascem sem timo. “Vemos uma tremenda promessa nesta tecnologia para os pacientes e estamos trabalhando com urgência para avançar na pesquisa e desenvolvimento para todas as crianças que precisam de transplantes cardíacos”, diz Rachelle Jacques, diretora-executiva da Enzyvant Therapeutics, empresa que ganhou licença para o processo.

Resultados promissores

Exames realizados no bebê 172 dias após o procedimento de coração e timo apontam que tudo ocorreu bem. Easton já está ganhando células imunológicas necessárias para reduzir ou até mesmo eliminar a necessidade de usar as drogas imunodepressoras.

Allan D. Kirk, presidente do Departamento de Cirurgia da Escola de Medicina da Universidade Duke, explica que o que feito no pequeno poderá também ser realizado mesmo em pessoas com o timo funcional. Segundo ele, isso “poderia permitir que esses pacientes “reestruturem seus sistemas imunológicos para aceitar órgãos transplantados”.

O bebê continua sendo monitorado pela equipe hospitalar, que acredita que outro marco importante será possível daqui a vários meses, quando a criança poderá começar a diminuir o uso das drogas antirrejeição.

A mãe de Easton, Kaitlyn, celebra a conquista das cirurgias. “Foi uma daquelas coisas que poderia ajudá-lo e, se funcionar, não apenas o ajudará, mas também poderá ajudar milhares de outras pessoas com seus filhos que precisam de transplantes”, diz ela.

Foto: Duke University Hospital