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Estudo genético revela o que tornou o ser humano mais propenso ao câncer

Cientistas dos Estados Unidos compararam centenas de genes de humanos e de 12 espécies de primatas não humanos para entender o que nos fez mais vulneráveis à doença

Por Revista Galileu

Uma pequena mudança em nosso DNA ocorrida após a evolução nos separar de outros primatas é o que nos tornou mais propensos a ter câncer. É o que concluiu uma nova pesquisa, publicada em 3 de maio, no jornal Cell Reports.

Pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York, compararam centenas de genes de humanos e de 12 espécies de primatas não humanos. Com isso, eles descobriram que nós evoluímos uma versão ligeiramente diferente de um gene chamado BRCA2 desde que nos separamos dos chimpanzés.

Esse é um gene supressor de tumor, uma vez que está envolvido no reparo do DNA. Porém, os pesquisadores descobriram que uma única mudança de letra do código genético no BRCA2 o tornou 20% pior na reparação do material genético, em comparação com outras versões do mesmo gene em primatas.

De acordo com os pesquisadores, isso poderia explicar porque o ser humano tem taxas mais altas de incidência de câncer. Em outros primatas, a doença é relativamente mais rara: entre 971 autópsias em animais do grupo que morreram no Zoológico da Filadélfia (EUA), entre 1901 e 1932, somente oito tinham tumores.

Os cientistas, contudo, ainda não sabem porque o BRCA2 se tornou menos ativo em humanos do que em outros primatas, conforme conta Christine Iacobuzio-Donahue, líder do estudo, ao site News Scientist.

Uma hipótese, segundo a pesquisadora, é que a atividade reduzida do gene acabou sendo escolhida pela seleção natural para aumentar a fertilidade em humanos, dado que pesquisas mostram que mulheres com variantes desse gene ligadas ao câncer parecem engravidar mais facilmente.

Como resultado, a taxa de câncer em humanos ficou mais alta. A descoberta não só pode nos ajudar a entender melhor o papel do BRCA2, mas originar novos tratamentos. Além disso, os cientistas acreditam que pessoas com certas variantes genéticas têm um risco ainda maior, particularmente envolvendo câncer de mama e ovário. A edição genética poderia, logo, ser uma alternativa, tornando o gene humano parecido com os de primatas associados a menores taxas de tumores.

Foto: Sangharsh Lohakare/Unsplash