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Genética pode explicar respostas diferentes à Covid-19, dizem estudos

Pesquisas revelam que a variação genética influencia a possibilidade de infecção pelo vírus e os efeitos estressantes da pandemia na população mundial

Por Revista Galileu

Variações genéticas podem explicar por que as pessoas apresentam diferentes respostas à Covid-19 — seja tratando de aspectos físicos ou mentais. É isso o que sugerem dois estudos publicados nesta semana.

A primeira pesquisa foi publicada em 17 de maio na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Liderada por cientistas da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, ela mostra que existem variantes em quatro genes que são críticos para a infecção pelo Sars-CoV-2: TMPRSS2, DPP4, LY6E e ACE2. Esse último gene é responsável pela expressão de uma proteína homônima, que permite a entrada do vírus nas células humanas pela conexão com a proteína spike do agente infeccioso.

Os pesquisadores usaram dados genômicos do banco Penn Medicine BioBank acerca de diversas populações globais, entre elas, 2 mil africanos e membros de povos caçadores-coletores, pastores e agricultores, além de quase 16 mil indivíduos com herança europeia e africana. Com isso, a equipe descobriu que as variações nos genes podem ter evoluído em resposta a encontros anteriores com vírus semelhantes ao coronavírus. Algumas estão associadas a distúrbios respiratórios e até doença hepática.

Sozinho, o gene ACE2 apresenta 41 variantes que afetam a sequência de aminoácidos da proteína que ele expressa. Embora tais variações sejam raras entre todos os participantes da pesquisa, considerando somente uma população de caçadores-coletores da África Central, três variantes em tal gene foram consideradas comuns.

“Este é um grupo que vive em um ambiente tropical e continua a caçar carne, passando muito tempo na floresta. Eles provavelmente estão expostos a todos os tipos de vírus introduzidos a partir de animais”, observa uma das líderes do estudo, Sarah Tishkoff, em comunicado.”Portanto, mesmo que essa população não tenha sido exposta a esse vírus exato no passado, ela poderia ter sido exposta a tipos semelhantes de vírus”.

Em populações do leste asiático, os especialistas detectaram variações na região reguladora da ACE2 que podem aumentar a expressão do gene ACE2, possivelmente influenciando o grau de infecção. Além disso, foram identificados sinais de seleção natural também em áreas codificadoras e reguladoras do gene TMPRSS2, incluindo mudanças vindas após as primeiras populações humanas se separarem de outros primatas.

Genética do bem-estar

O segundo estudo foi divulgado em 19 de maio na revista científica PLOS Genetics. Feito por cientistas da Universidade de Groningen, na Holanda, o levantamento concluiu que as variações genéticas também influenciaram na resposta das pessoas ao estresse causado pela pandemia de Covid-19. A equipe examinou os genomas de mais de 27 mil participantes no país que doaram material genético para um biobanco.

A equipe buscou conexões entre os fatores genéticos e as respostas que os participantes deram sobre seu estilo de vida, saúde mental e física em questionários realizados de março de 2020 a janeiro de 2021. Os pesquisadores descobriram que algumas pessoas tinham uma tendência genética para um melhor bem-estar do que outras.

Conforme a pandemia avançou, a genética foi tendo uma influência cada vez mais poderosa na forma como os indivíduos percebiam sua qualidade de vida em meio ao isolamento social e medidas de proteção. “A pandemia do Covid-19 tem sido uma oportunidade única para investigar o impacto da genética no bem-estar em um momento em que tivemos que nos isolar socialmente”, conclui Robert Warmerdam, um dos autores do estudo, em comunicado.

Foto: NIAD