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Especificidades do SUS demandam formação especializada em gestão da saúde pública

Formação especializada em gestão da saúde pública possibilita um olhar específico para o desafio de oferecer um cuidado em saúde de qualidade mesmo com recursos limitados

Por Futuro da Saúde

Administrar qualquer instituição de saúde é desafiador, mas na gestão da saúde pública o desafio aumenta, ainda mais em um sistema complexo, como o Sistema Único de Saúde, o SUS. Por ser um dos maiores do mundo, que oferece acesso universal e integral à assistência à saúde para mais de 214 milhões de pessoas – sendo que 76% dependem exclusivamente de sua assistência, sem poder contar com a saúde suplementar –, a busca por eficiência e assertividade é crucial, o que demanda pessoas qualificadas para as especificidades públicas.

E se em condições normais já é difícil, o SUS ainda vive um cenário de consequências deixadas pela pandemia, com crises de abastecimento, índices alarmantes de vacinação, aumento de demandas relacionadas à saúde mental da população e alta espera nos atendimentos médicos, entre outros fatores. Tudo isso com um orçamento bastante apertado.

O novo governo tem sinalizado que a saúde será um de seus focos de atuação, com prioridade para o fortalecimento do SUS. Algumas ações, inclusive, como campanhas de vacinação e mutirões de cirurgia já foram anunciadas. Mas, na opinião de Dannielle Godoi, coordenadora do curso de MBA Executivo em Liderança e Gestão Pública em Saúde, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Einstein, apesar do olhar do governo para esse tema, é preciso qualificar a gestão para garantir que as melhorias implementadas sobrevivam ao longo prazo:

“As mudanças de gestão a cada quatro anos dificultam a criação de políticas de Estado que permanecem. É possível implementar projetos e mudanças que vão muito bem, mas que podem ser extinguidos no mandato seguinte, por conta do jogo político. É um cenário desafiador, mas que pode ser contornado no desenvolvimento da base da gestão. Afinal, temos oscilação de altos cargos nas trocas de governo, mas o corpo técnico, que está na gestão mais direta, fica. E esses gestores precisam ter a habilidade de minimizar os efeitos negativos e realizar transformações eficientes na saúde”.

As especificidades do SUS

As características do SUS, como comenta Dannielle, extrapolam as da saúde suplementar. Afinal, mesmo os 24% da população que não dependem do atendimento público, também fazem uso desse serviço, ainda que sem perceber. “No fim das contas, 100% dos brasileiros utilizam o SUS de alguma forma. Se você vai tomar um cafezinho na padaria da esquina, o SUS está ali presente, por meio de vigilância sanitária. Isso sem contar os planos de vacinação e o controle de medicamentos, por exemplo”.

E no atendimento em si, que abarca pouco mais de 170 milhões de pessoas, o desafio, além do óbvio volume, são as diversidades de um país continental, com especificidades locais, que devem ser atendidas por meio de um financiamento pequeno – principalmente em comparação com outros países que fazem uso de sistemas semelhantes, como o Canadá e o Reino Unido –, e com limitações impostas pela legislação.

“As normas dentro do direito público muitas vezes trazem amarras para o SUS, incluindo as contratações e as mudanças estruturais. Tudo isso tem uma razão de ser, mas configura também um desafio”, aponta a especialista. “E a gestão sente o reflexo disso, porque não tem pessoas com formação específica em gestão pública para lidar com essas especificidades. A gestão é feita, geralmente, por profissionais da saúde que estão lá, aprendendo na marra. Se o desafio já vem de base, imagine lidar com tudo isso sem as ferramentas adequadas”.

Formação em gestão pública

Foi justamente identificando as necessidades muito específicas dos diferentes tipos de gestão que o Einstein lançou um curso de MBA focado na gestão da saúde pública. “A demanda da especialização veio dos próprios gestores que atuavam no SUS e sentiam a necessidade da abordagem de desafios mais específicos”, conta Dannielle.

A primeira turma, que teve início em 2021, está se formando e a segunda, iniciada em 2022, é fruto de uma parceria do Einstein com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). O grupo de estudantes é formado por 66 gestores de todos os estados brasileiros, e representantes do Ministério da Saúde.

“Agora, vamos ter mais uma turma aberta para o público geral, mas a ideia é que tenhamos novas turmas pelo PROADI-SUS. As aulas são inteiramente presenciais para as turmas abertas. Mas fizemos um planejamento de aulas híbridas, com alguns poucos encontros presenciais, para os grupos do PROADI-SUS. Dessa forma, conseguimos chegar a mais lugares do país”.

O curso tem como foco aqueles que já atuam na gestão pública de alguma forma, independentemente de sua formação. As turmas, em geral, contam com profissionais de saúde, mas também das áreas de administração e direito. “Pessoas que trabalham na gestão de instituições que prestam serviço para o SUS, como organizações sociais, santas casas e parcerias público-privadas também podem se beneficiar dessa especialização”.

Os maiores desafios da gestão do SUS

O MBA em Liderança e Gestão Pública em Saúde busca abordar três grandes guarda-chuvas que abarcam os maiores desafios atuais: as estratégias para uma melhor e mais eficiente gestão, como lidar com as pressões em cima do sistema, e o foco no paciente, com o objetivo de gerar valor em saúde para as pessoas que fazem parte do setor.

“Os gestores começam o curso fazendo uma análise da gestão da saúde e entendendo o que existe de tendência no setor: o que está acontecendo lá fora, o que chegou aqui, o que tem de novo em termos de tecnologias e o que é possível implementar na realidade do SUS. Analisamos também as formas de pagamento, a gestão de pessoas e a busca por mais eficiência”.

São 18 meses de aulas, com o objetivo de impactar o sistema e gerar transformações imediatamente. Dannielle Godoi conta, por exemplo, que a turma do PROADI-SUS, que está, agora, no sexto semestre de especialização, já vem incorporando ferramentas e mudando a realidade de seus sistemas com o que está sendo aprendido e experienciado.

“Conforme os gestores vão assimilando o que veem no curso, já conseguem aplicar algumas estratégias em seu dia a dia. A transformação da prática acontece em tempo real. No final do curso, temos um projeto de intervenção que precisa ser aplicado, incorporando ferramentas para sanar alguma dor local. Mas não é preciso esperar esse momento para começar a mudar a realidade da gestão”.

O futuro da gestão da saúde pública

O futuro da saúde no Brasil, pautado pelas mudanças populacionais e da sociedade – como o aumento da população idosa e as transformações digitais – também fazem parte da formação, sempre levando em consideração o que já existe em termos de excelência dentro do próprio sistema.

“Nós estamos acostumados a sempre apontar os problemas e as necessidades de melhorias. Mas não se pode esquecer que tem muita coisa boa já acontecendo dentro do SUS – a telemedicina, que foi muito discutida na pandemia, o SUS já faz há bastante tempo, por exemplo, por meio dos núcleos de telessaúde espalhados pelo país. E, considerando a complexidade e tamanho do sistema, cruzando esses dados com os recursos disponíveis, é impressionante o que o sistema é capaz de fazer. Mas claro que dá para melhorar, e deve. Já fazemos render e dá para fazer muito mais”, reforça.

O foco da saúde agora, deve ser na tripla carga de doenças que pressiona o sistema de saúde. São elas: o aumento das doenças crônicas, causadas pelo envelhecimento da população e dos maus hábitos das pessoas; as causas externas, como acidentes e violência; e as doenças infectocontagiosas – essas duas últimas, segundo Dannielle, pressionam muito mais o sistema público de saúde.

“Quando a Covid estava escancarada, todo mundo viu a dificuldade de contornar uma epidemia. Mas a saúde lida com essas crises o tempo todo, em maior ou menor escala. Doenças que não estão tão na cara, mas que preocupam, como a dengue, impactam muito mais o SUS do que a saúde suplementar. A gestão das mais diversas crises também é um tema que precisa estar no radar dos gestores. No mundo ideal, é preciso ter uma estrutura sólida de gestão que seja capaz de manter o barco navegando independentemente das tempestades que venham. Esse é o futuro que queremos construir na gestão pública e, com o conhecimento adequado, esse é um cenário possível”, afirma.

O Einstein oferece outros dois cursos focados na gestão da saúde pública: a pós-graduação presencial em Gestão Pública nas Redes de Atenção à Saúde, e a pós-graduação à distância em Gestão Pública nos Serviços de Saúde.

Foto: Einstein